Já percorri por muitos caminhos
Paragens, avenidas, veredas e sertões.
Embriaguei-me dum vinho barato
Na letargia de algumas estações
Mas foi no seu olhar
Que meu coração resolveu aportar
Já quase morri de sede diante de fartos lagos
Mas foi no deserto dos seus beijos
Que me vi refém de meus desejos
Mergulhei sem medo nas águas agitadas da paixão
Lançando ao degredo uma senhora, chamada razão.
Estou presa agora na alcova fria da saudade
Sinto arder em meu peito as chamas da inquisição
Lembranças tuas invadem o meu leito
Tiram-me o sono, fazem doer o coração.
Sigo adiante, faço promessa, acendo uma vela,
Vejo-te até no altar de minha capela
Sinto teus braços tocarem minha alma
Esqueço das promessas de te esquecer
Entrego-me novamente a escravidão deste bem querer.
Mergulho no mar doce do teu olhar mudo
Por quantas vezes teu amor foi meu escudo
Não há saída, nem entrada,
Nem meio, nem fim.
Alguém capaz de arrancar este amor de mim.
( Cassiane Schmidt)