Tempo de Recomeçar

Tempo de Recomeçar
"Essa história vai emocionar você"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

21º CONCURSO DE CONTOS PAULO LEMINSKI - 2010 / 40 FINALISTAS

Cassiane Schmidt,

A Comissão Organizadora lhe parabeniza por seu conto nesta 21ª edição do Concurso de Conto Paulo Leminski, pois o mesmo ficou entre os 40 finalistas selecionados, queremos ressaltar que neste ano tivemos uma participação de 794 contos inscritos pela fundamental e expressiva parcela de talento e criatividade emprestaram ao evento. Escrever não é fácil. Clarice Lispector comparou certa vez o ato de escrever à árdua tarefa de quebrar rochas; por isso nós da Comissão Organizadora queremos em nome da Prefeitura do Município de Toledo e Unioeste cumprimentar as principais estrelas deste projeto os participantes que enriquecem ano a ano o nosso concurso, compartilhando através de suas narrativas percepções de mundo, vida e aflições cotidianas. É por meio da leitura dos trabalhos inscritos, nos aproximamos de muitas pessoas. A coordenação do evento, desde o princípio, tem conduzido os trabalhos com dedicação na preservação da transparência no julgamento das obras. Tem tomado o grande cuidado de que os contos sejam julgados unicamente pela sua qualidade e mérito literário, sem que nenhuma informação sobre a autoria chegue à banca que julga os trabalhos. Para tanto, dados referentes às obras – autores, procedência, titulação, etc – somente são divulgados após o registro por escrito do resultado de cada evento. E sempre temos tido a postura de aceitação das decisões tomadas pela Comissão Julgadora. Contamos com sua participação nas próximas edições e continue escrevendo e participando de eventos literários, pois a cada edição o que nos motiva a dar continuidade ao evento é a participação dos escritores de todos os lugares do Brasil e também de alguns do exterior, acreditando que a literatura é possível, tornando-se assim os verdadeiros autores do Concurso.
Parceria entre UNIOESTE/CAMPUS DE TOLEDO e PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO através da SECRETARIA DA EDUCAÇÃO –

BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL


1º Lugar:
Conto: “Clarice na torre de cristal” de autoria de MARIA ADELAIDE DE AMORIM OLIVEIRA da cidade do Rio de Janeiro/RJ;

2º Lugar:
Conto: “Agouro” de autoria de CÁSSIO PANTALEONI da cidade de Porto Alegre/ RS;

3º Lugar:
Conto: “Más notícias” de autoria de ANGELO PESSOA MARTINS da cidade de Cordeiro/RJ

Melhor Conto Toledano:
Conto: “João das Marias” de autoria de ROBERTO CARLOS DA SILVA PEREIRA.


Menções Honrosas:


• Conto: “José e Chico: Os dois vaqueiros” de autoria de ALDY CARVALHO da cidade de São Paulo/SP;
• Conto “Visita ao museu” de autoria de IRLEY THIAGO DE OLIVEIRA da cidade de Curitiba/PR;
• Conto “Liliana” de autoria de PEDRO LÚCIO LITHG PEREIRA da cidade de Pedro Leopoldo/MG;
• Conto “Pré-natal” de autoria TATIANA ALVES SOARES CALDAS da cidade de Rio de Janeiro/RJ;
• Conto”Dona Maria” de autoria GEOVANE FERNADES MONTEIRO da cidade de Teresina/PI.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vira o disco

Quinze anos atrás, 1995. Vejam que nem faz tanto tempo assim, explico. Acostumada com os discos de vinis, na velha sala das minhas melhores lembranças, morava um velho toca-discos, que embalou os anelos das paixões de adolescência ao som de Erasmo Carlos, Cartola, John Fogerty, Gil, Caetano, Elis, Legião Urbana, Leandro e Leonardo, Perla, bom, acho melhor parar por aqui... eu era eclética naquele tempo, ainda sou.

Bah! Saudade imensurável essa que sinto do lado A e lado B dessa parte da minha vida.

O velho toca-discos, exigia, vejam que ousado, que quando a música parasse, nós tínhamos que virar o disco para poder continuar ouvindo a canção. Que absurdo, dirão os jovens de hoje, encilhados no sofá de casa com o controle, que de remoto não tem nada, nas mãos...

Nenhuma novidade eu sei, essa de virar o disco, pelo menos para quem, assim como eu, viveu a magia da “velharia” dos anos 80, 90. Bom demais.

Então, num belo dia, quinze anos atrás, enquanto jogava vôlei com alguns amigos, a música “parou”, eu, para minha total desgraça, enquanto preparava-me para sacar a bola ao campo adversário, pedi: - Vira o Cd!

Segundos de silêncio...

Eu e a pobre bola de vôlei ficamos emudecidas diante das risadas que sucederam o meu inocente pedido. Nem preciso contar-lhes, leitores, que virei motivo de piada pelo resto do ano. É que eu não estava acostumada com essa coisa de “Cd”, mesmo depois da sua chegada, o toca-discos ainda arranhava umas canções lá em casa, mas, para a minha tristeza foi por pouco tempo...

O meu velho amigo, confidente de tantas horas, foi-se apagando com a chegada dos CDS...até que ele acabou num velho canto, numa parte esquecida do tempo...suas agulhas ficaram gastas e lentas para um tempo que surgia com uma velocidade atropelante!

De lá pra cá os avanços tecnológicos assumiram proporções continentais. É só conversar com alguém que nasceu em 1950, por exemplo, que conseguiremos ter uma noção de como as coisas evoluíram do ponto de vista das tecnologias.

O homem entrou no século XX a cavalo e saiu de avião! Foi o século dos avanços para nós que vivemos, ainda, na infância da civilização. Tudo é muito recente! Contudo é importante pensar que os avanços não devem ser medidos pela velocidade, mas sim pela qualidade de como as pessoas acompanham este “avanço”. Aí que está o problema. Como exemplo, cito o recente caso dos mineiros que ficaram soterrados no Chile, eu tinha a impressão que eles estavam soterrados no quintal de casa, tamanha foi a cobertura do caso dada pela impressa.

Há um paradoxo nisso tudo, de um lado a tecnologia nos aproxima do mundo, e ao mesmo tempo nos afasta de todo mundo. Vivemos isolados em nossas “redes” de comunicação, muito se perdeu em termos de convivência humana.

A informação não humaniza, ao contrário, acredito que esse excesso de informação acabou banalizando as coisas. Tudo é normal, assassinatos, roubos, coisas que escandalizavam a sociedade a alguns anos atrás, hoje é normal!

Que falta faz os tempos onde os pais e os filhos tinham tempo para conversar, quando os pais tinham tempo de educar seus filhos.

O cristo de hoje é o tempo, culpado pelas frustrações de pessoas fracassadas. Ouvi, um dia desses, uma mãe dizer, achando bonito, que não encontrava tempo para educar seus filhos, vejam só. Então que não os tivesse, serão só mais um problema para a sociedade.

A triste verdade é que não encontramos tempo de ser, num tempo escravizado pela ditadura do ter.

Não vejo mais crianças jogando bola nas ruas, meninas pulando amarelinha, nada disso, o que vejo cada vez mais, são meninos iniciados precocemente na vida adulta, meninas sendo vestidas vulgarmente como adultas por mães imaturas. A infância que costumava dar seus últimos suspiros aos quatorze, quinze anos de idade, hoje não sobrevive aos sete, oito. Vejo o atual cenário com a tristeza ocular de uma Pietà.

Talvez seja a hora de virar o disco...

~

Cassiane Schmidt

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Em quem você vai votar?


Não precisa responder leitor, leitora. A pergunta é delicada, eu sei. Digo à que vim, explico o porquê desta pergunta tão subjetiva. É que tenho presenciado, nessas eleições especialmente, uma falta de educação sem precedentes no que diz respeito ao voto alheio.


Os diálogos que tenho ouvido são assustadores. Maldito segundo turno!

- Em quem você vai votar?

- No fulano (a)...

- O quê? não posso acreditar! Que decepção! você uma pessoa tão instruída, tão inteligente, vai votar no sicrano(a)...?

E você fica com cara de tacho...é, pois diante da falta de vergonha alheia, resta-nos o silêncio.

As mesmas pessoas que ridicularizam sua preferência política, são, em primeiro lugar, mal educadas, e com gente mal educadas não se discute!
O respeito ao voto é essencial na manutenção de um diálogo producente, fora disso, tudo mais é conversa fiada. Condenar candidatas(os) a masmorra de argumentos infundados é muito fácil, ou seria falso?
Já passei por muitas eleições na vida, mas em nenhuma presenciei tamanha acidez partidária.

Lembro da frase que diz “papel em branco aceita tudo”, constato, infelizmente, que a internet também aceita tudo. Minha caixa de e-mails vive sobrecarregada de mensagens “assustadoras” falando sobre os candidatos à presidência, especialmente sobre a candidata do PT, Dilma Vana Rousseff.

O pior é que ao tentar descobrir a fonte da informação, dá-se com a cara no escuro, pois a maioria dos e-mails são anônimos. Mentiras berrantes que nos esfregam na cara, o pior (para os candidatos, é claro), que tais mensagens ganham proporções catastróficas para os pretendentes a poltrona presidencial; Vá lá, ainda há, lamentavelmente, muita gente que acredita em tudo que lhe cai nas mãos.

Anônima também me parece a identidade de alguns eleitores brasileiros, que adotam métodos sujos para evidenciar seu candidato. Dá nojo.
Não estou aqui com a ingênua pretensão de defender este ou aquela candidata, nada disso, apenas quero refletir com o leitor-eleitor a necessidade de filtrar, de investigar todas as informações que chegam até nós sobre os candidatos, simples, não?

Exemplos não faltam para elucidar o que quero dizer, quando o presidente Lula estava à um passo do planalto, há oito anos atrás, ouvi tudo o que a imaginação do leitor pode supor: (ele iria “cortar” a aposentadoria dos idosos; se uma família possuísse dois carros, duas casas, tudo dois, um seria confiscado; ia mudar a cor da bandeira para vermelho, fechar as igrejas, iria “comer” a poupança dos “ricos” para distribuir aos pobres... e tantas outros absurdos que não se confirmaram, esse é apenas um exemplo, possivelmente outros candidatos de outros partidos também já sentiram nos ombros o peso da difamação, talvez...

A intenção aqui, veja bem, veja mal, repito, não é defender ou acusar nenhum candidato, pois em termos de reputação ilibada .... o objetivo é apenas de desabafo, de quem, entre muitos brasileiros são subestimados diariamente, tendo que engolir com farinha seca mentiras e mais mentiras.

Seria tão bom se nós eleitores, não reproduzíssemos os ataques que os candidatos travam entre si, na maioria das vezes, desleal.

Se fôssemos capazes de defender nossos ideais políticos sem desrespeitar a opinião alheia, discordar sem dissentir, manter-se fora dos inválidos argumentos perimetrais, o período eleitoreiro não seria tão perturbador.

A democracia e o respeito constituem o caminho que celebra a vitória silenciosa de todos aqueles que corajosamente defendem seu ideal de cara limpa. Não façamos das urnas uma fossa, façamos das urnas nossa força, será possível?



Cassiane Schmidt

*************


Nota 10 para o banco Itaú que estará distribuindo até o final desse ano 8 milhões de livros infantis em forma de kits. Basta se cadastrar no site do Itaú, é fácil, fácil.
Um incentivo à cultura que contribui para a formação de novos leitores. Peça o seu, clica lá: http://www.lerfazcrescer.com.br/#/kit

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fórum Brasileiro de Literatura e a Feira do Livro de Blumenau.



JORNAL DE SANTA CATARINA

Geral
18/10/2010
11h50min


Blumenau terá Feira do Livro e Fórum de Literatura no final deste mês.
Eventos serão entre os dias 25 e 30 de outubro.
Ocorre no final deste mês de outubro a quinta edição do Fórum Brasileiro de Literatura e a Feira do Livro de Blumenau.
As oficinas, encontros e sessões de autógrafos ocorrerão na Fundação Cultural de Blumenau, mas também serão promovidas diversos locais da cidade como o Shopping Neumarkt e o Sesc.


O fórum será de 25 a 29 de outubro e a feira entre 27 e 30 deste mês. O primeiro debate literário será no dia 25 ás 19h no Cine Teatro Edith Gaertner da Fundação Cultural. Estarão presentes:

Gervásio Luz
Fabiana Lange
Cassiane Schmidt
Vinícius Batista.


JORNAL DE SANTA CATARINA

http://controversas.com/2010/10/blumenau-tera-feira-do-livro/

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tarde demais



Falta tudo quando parte de nós está de luto
Morre em brasa o que foi chama
O espelho memoriza nossas sombras
Há motivos pra ter medo?


Lá dentro os quartos gritam solidão
As janelas se fecham em tristes risos
Cadeiras disputam razões
Desafiam últimos instintos



No chão, nossas malas brincam...
Azulejos disputam espaços
No porta-retratos estranhos brindam
Enquanto o pra sempre se faz pedaços



O entardecer alcançou nosso telhado
Esvaziou nossas taças
Acomodados nas plumas da certeza
Não lutamos pelo último gole
Palavras guarnecidas em silêncio
Veio o tempo e nos fechou!



Braços atrasados procuram uma direção
- É tarde – Diz a fechadura,
Abismando nossas chaves
Nos abrindo em ruas
É tarde!



(Cassiane Schmidt)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pecado



Do que é feito o pecado
De que falam tanto?

Dizem que ele é feito de cores tristes...
Antigos hálitos de esquecidos mundos
O bem resiste às suas falsas promessas,
Volúpia de atingir eternidades em segundos


Pecado é queda de braço?
Bem e mau medindo forças,
Disputando NOSSOS lados?


Na seda azul do entardecer
Nossa Senhora costura claridades
O bem implora para nascer
Na pele virgem da bondade


O pecado, dizem por aí
Tem fome dos fracos
Sede dos frescos
Têm muitos braços
E todos os endereços...

(Cassiane Schmidt)



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis

De jovem burguês, alegre e aventureiro
Tocado pelo Espírito Santo:
Francisco se fez inteiro!

O mundo hoje celebra a sua mensagem
Vozes em muitos cantos
Meditam a sua passagem

Tuas vestes celebram a humildade,
Tua mensagem é clara: não há salvação fora da caridade!
Aos animais desvelasse o mais profundo amor
Moras no canto das aves
Onde o vento canta
Onde o sol nasce...
Onde há um animal e uma criança: lá estás!

Na inocência de todos os animais
Repousa o segredo da felicidade...
Francisco nos ensinou a ser mais
Através da caridade!
O fim não é para àquele que erra
Mas, para quem  desiste de acertar!
O teu perfume foi a compaixão
Tua riqueza incondicional foi o amor,
Pegue-nos pelas mãos,
Nos mostre o caminho
A conversão foi a tua vitória
Tua vitória é sagrada inspiração!


Cassiane Schmidt




Arquivo pessoal: Meu Calvin

























Calvin e Bradock, reverências ao Santo!




Ficheiro:Habito de s francisco.jpg
O hábito de São Francisco, preservado na Basílica de Assis




Ficheiro:07scenes of St Francis life -Benozzo Gozzoli.jpg
Benozzo Gozzoli: Pregação de São Francisco aos animais e aos homens, 1452. Convento de São Fortunato, Montefalco.

Ficheiro:Cristo de san Damian.jpg
O crucifixo de São Damião. Mestre anônimo do século XII, hoje na Basílica de Santa Clara, Assis.



Ficheiro:GiottoArezzo.jpg
The Expulsion of the Devils from Arezzo, 1297-99, (Saint Francis of Assisi, Assisi.)




Ficheiro:Giotto - Legend of St Francis - -07- - Confirmation of the Rule.jpg

Giotto: Francisco e seus companheiros diante de Inocêncio III, 1297-1299. Basílica de São Francisco de Assis, Assis.





Ficheiro:San francesco.jpg
Este retrato, de autor anônimo, é considerado, sem certeza, uma cópia do século XIV do único retrato que teria sido feito ainda em vida do santo, por encomenda de Jacopa de' Settesoli. Está conservado em Greccio.



Ficheiro:Marriage of st Francis with Lady Poverty--Sassetta--Musee Conde.jpg
Sassetta: Casamento de São Francisco com a Senhora Pobreza, 1437-44. Museu Condé. (As duas outras figuras femininas representam a Obediência e a Castidade).

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

última dança


Sorrisos em “aspas” erguem muros,
Fazem-me em pedaços!
Nas reticências das horas,
A distância sentencia lados.



Chovem no passado minhas sombras
Faz frio no meu futuro!
Caí numa parte do tempo
Um lugar feito de medos.
Sou bússola sem norte!
Crianças habitam meus espelhos,
Esvaziam meus poros,
Alertam para o fim da estação
Realidade sem cortes



De silêncio vestem-se as horas
Janelas fechadas em marrom
O dia dorme onde a morte descansa
Relógios esquecidos em velhas mãos
Haverá tempo para última dança?


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....................
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Cassiane Schmidt

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Novo Fim


Que maravilhosa mensagem contida nas palavras do saudoso Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

Vejam, leitores, que nem o próprio Chico, acreditava em destinos pré-determinados, isso fica claro quando ele nos diz que podemos começar agora e fazer um novo fim. Presume-se daí que somos nós, eu e você, os responsáveis pelas escolhas que fazemos, escolhas essas que irão determinar o fracasso ou o sucesso de nossas vidas, em todos os sentidos.

Pessoas há, que acreditam ser cedo demais para começar, enquanto outras, perseveram, acreditando ser cedo demais para desistir. Prefiro a segunda opção. Jamais conheceremos o gosto da vitória sem ter provado o gosto amargo das provações. Muitos passam a vida de braços cruzados, enquanto tantos Cristos morreram de braços abertos tentando alcançar seus sonhos. Quem já não ouviu a velha frase “nada cai do céu”? Eu, confesso, cresci ouvindo isso (sábios ensinamentos de mãe e avós): “Se queres ser alguém na vida estuda, estuda e continue estudando sempre! Trabalha e trabalha sempre, pois nada cai do céu...”

Soube, a partir daí, que era preciso me preparar para alcançar os meus objetivos. Parece simples de entender, e de fato é, porém, o difícil é colocar em prática, dá trabalho ser alguém na vida, mais trabalho ainda dá, ser alguém melhor na vida - falo aqui de caráter e de coração - pois entendo que de nada servirá diplomas e méritos se o coração é vazio e a alma é pequena, está aqui a mais difícil empreitada da vida na terra!

Apático tempo das modernidades, onde tantos e tantos jovens aprendem a desistir antes mesmo de começar. Uma sociedade consumista, alicerçada em valores superficiais e imediatistas, ensinam as crianças a preocuparem-se em “parecer” antes de “ser”.

Cada vez mais pessoas apáticas e preguiçosas, sim, preguiçosas, mergulham seus sonhos na água turva do comodismo, quando não, no sofá da sala, em frente a uma televisão de LCD Plana de 42 Polegadas, e acabam por deixar a vida passar.

E a vida passa, leitores, se passa! Depois, essas mesmas pessoas são aquelas que culpam o governo, o chefe, a esposa, o marido, os filhos, pelo seu fracasso. Tolos, tolas, ambos covardes.

Não mergulhemos nossos sonhos na dúvida, na preguiça ou no comodismo. Antes, façamos nossos ideais emergirem da escuridão da incerteza para o alcance da concretização. Onde há uma vontade, há uma vitória! Não esqueçam, do céu, só chuva mesmo, na pior das hipóteses, avião!



Cassiane Schmidt

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

(Parêntesis) .... (?)


O tempo esculpe as "aspas" da convivência, o pior de tudo é viver entre (parênteses)

  )  Cassi Schmidt  (

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sessão Nostalgia * MacGyver


Quem não lembra dele?
Tardes de domingo, onde nada era impossível para o "Magaiver"

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


O amor foi o primeiro livro que Deus leu...

(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Picadeiro Eleitoral Gratuito


Pois é, leitor, ou melhor, eleitor. Lembram do tempo em que o circo chegava na cidade? Desfilavam pelas ruas, anunciando garbosamente a sua chegada. Os desfiles eram pomposos, mulheres esquisitas que engoliam fogo, palhaços e bailarinos, que bons tempos.

Nós, cidadãos de bem, na ditosa época, reservávamo-nos o direito de escolher, se queríamos ou não ir até o circo assistir ao espetáculo.

Hoje, desastrosamente, um outro tipo de circo passa por nós de quatro em quatro anos, transformando a sala de casa num picadeiro, sem escolha tornamo-nos o irrespeitável público do horário eleitoral “obrigatório”.

Diferente do circo citado no início do texto, que era um movimento cultural, que oferecia lazer e diversão as famílias, este outro circo que invade as nossas casas, é um verdadeiro balaio de gatos.

Um descaramento ao qual milhares de brasileiros são obrigados a assistir duas vezes por dia, exceto pela minoria da população que tem acesso aos canais por assinatura, contudo, ocorre que a grande maioria é obrigada a presenciar a asneira desmedida na qual se transformou a propaganda eleitoral. Um espaço que tem como objetivo apresentar as propostas dos candidatos, perdeu o sentido, virou motivo de piada.

"Ei, ei, Eymael... Ei, ei, Eymael..” e mais uma televisão desligada!

As pesquisas revelam a insatisfação do povo brasileiro em relação ao horário político. A baixa audiência é uma resposta ao absurdo que vem acontecendo. Segundo o cientista político e marketeiro tucano Antônio Lavareda, nesta campanha presidencial a audiência da propaganda obrigatória na TV despencou pelo menos 30% em relação a 2006.

O chamado share - porcentual de TVs ligadas - também despencou no primeiro dia da propaganda eleitoral. Às 20h30, era de 51,2% na Rede Globo. Dez minutos depois, atingiu a marca mais baixa nos 50 minutos do horário político, com 44,4%.

E os números continuam despencando, talvez possamos, sem muito esforço, encontrar as causas.

Vamos lá, me acompanhem na breve apresentação de alguns candidatos celebridade, fiz uma difícil seleção dos melhores, surpreenda-se:



1- Tiririca - Grau de instrução: Fundamental incompleto.

Melhor slogan político da história “Vote Tiririca, pior do que tá não fica.”



2- Mulher Pêra - Grau de instrução: Lê e escreve – Ah, que alivio, o Brasil agradece!



3- Batoré - Grau de instrução: Ensino Fundamental incompleto.



4- Mulher Melão - Grau de instrução: Superior incompleto.

Citei apenas alguns, mas são tantos. Primeiro, que não dá para confiar em pessoas que utilizam a imagem pública acentuada pela mídia televisiva, para garantir uma vaga no congresso, é subestimar a inteligência do povo brasileiro. Cada macaco no seu galho, como uma mulher pêra, por exemplo, poderá legislar e zelar pelas leis e dogmas constitucionais nacionais, propor, revogar, emenda à Constituição Federal? A mocinha é capaz de criar um projeto de lei que ofereça gratuitamente implantes de silicone para a população, não duvido! É lamentável pensar em nosso país sendo governado por palhaços e por mulheres frutas. O mais triste diante do cenário político, é a falta de opções.

Contudo, não desanimes eleitor, ainda temos o Levy Fidelix, pelo menos ele vai criar o Aerotrem no formato de trem-bala (!?) quem sabe quando o Aerotrem estiver pronto, ele passe lá por Brasília, e leve alguns políticos brasileiros para um passeio de (somente) ida para Marte?


(Cassiane Schmidt)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Marcas do Tempo * (Crônica)



Nietzsche estava certo quando escreveu: “A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade”... Foi o que senti ao observar um senhor debruçado sobre o túmulo de sua esposa.

Em uma visita ao meu nono no cemitério, tal cena me chamou a atenção. Mas antes, o leitor deixe-me falar um pouco do meu nono (italiano). Já reparam como é estranha a visita ao cemitério? Não há ninguém abrindo as portas, nos recebendo com um sorriso, ou como o nono costumava fazer, sempre nos recebia com, além de um largo sorriso no olhar, uma xicara de café.

Como era ruim o seu café.

Mas quem teria coragem de enjeitar um agrado desses...olhávamo-nos compartilhando a angústia do primeiro gole, quando a xicara tocava os lábios o estômago se retorcia, esperando o líquido negro açucarado, quase melado.

Depois do café do nono (pobrezinho) bebíamos muita água, que era para lavar a memória gustativa do café deslizando em nossas pobres goelas. Tenho dúvida se eram seis ou sete colheres de açúcar bem cheias que ele colocava em pouco menos de um litro de água morna. Café morno é uma delícia, concordam?

Agora meu querido nono nos recebe com uma cruz em silêncio, flores murchas, velas nem sempre acesas, resumido em letras douradas que guardam suas datas e seu nome.

O que nos amarga a boca agora não é o café que ele nos preparava, mas a saudade que ele deixou. E não há água capaz de lavar o amargo da saudade. Enquanto minha mãe terminava suas orações, pus-me a caminhar pelos labirintos de pedra onde a vida não encontrou a saída, foi ali que observei o tal senhor debruçado sobre o túmulo da esposa. O homem de modos simples e castos realizava um verdadeiro ritual da saudade. Sentando as margens do túmulo da mulher, ele acariciava com uma delicadeza inenarrável a fotografia vitrificada da esposa. Disfarcei, mas foi inevitável desgrudar os olhos daquela cena. Ele tragava o cigarro com tanta avidez como quem fosse arrancar a mulher dos braços de mármore cinza que a guardava. Puxava fundo o fôlego, segurava a fumaça inflando as bochechas e depois, lentamente, varria os pulmões com suas lembranças, era como se ele quisesse se esvaziar da dor que estava sentindo.

Atrás do homem ficava imóvel um moço, que soube tratar-se do seu filho, quando ouvi-o pedir ao “filho” que fosse buscar um pouco mais de água.

O rapaz não demonstrava emoção alguma, apenas assistia ao pai sentado sobre a memória de sua mãe. Talvez o jovem não encontrasse espaço para a sua saudade, talvez a saudade do pai ocupava todas as cadeiras vazias da memória que ele tinha de sua mãe.

O homem de mãos grossas e amareladas do fumo ajeitava delicadamente as flores, puxava-as para lá e para cá, como se não encontrasse o lugar certo para o vaso. Para a direita, as flores encobriam o retrato da esposa, para a esquerda, uma teimosa flor amarela encobria-lhe o nome.

Depois, ele certificava-se de que a cera havia colado bem a vela que o vento insistia em apagar e, que ele, pacientemente voltava a acender. Em seguida ajeitava-lhe o cadarço do sapato, revira-se dum lado pro o outro, olhos feito anzóis no túmulo da amada. Acendia mais uma vela, dobrava um raminho verde, ajeitava um santinho de gesso na sepultura, talvez fosse essa maneira que ele encontrava de abraçar sua esposa.

O filho vez ou outra passava a mão sobre os ombros do pai, como a dizer: sinto muito, estou com você. E lá ia novamente as mãos do homem passear pela fotografia da esposa. Com as mãos na imagem dela, ele erguia os olhos para o céu, desviava o olhar nos lúgubres vizinhos de sua esposa e desaguava novamente na imagem da mulher.

Depois de algum tempo, o pobre homem ergueu-se com dificuldade, o tempo leva de nós, também as articulações; com a ajuda do filho ergueu-se, passou o lencinho umedecido mais uma vez sobre o túmulo e foi embora.

Fiquei pensando quantas lembranças ele não reviveu naquela realidade feita de pedras e flores artificiais, ali num lugar onde tudo é sempre nunca mais.

Quantos sorrisos, abraços, dores e lágrimas, ele e sua esposa compartilharam. A viuvez para quem se ama é o pior dos castigos, ainda mais quando se há compartilhado, provavelmente, mais da metade de vida juntos.

Não há dúvida de que quem vai leva metade, se não quase tudo de quem fica. Vi naquele senhor um meio homem, como se lhe faltasse uma das pernas, um dos braços.

Decididamente a frase de Nietzsche veste perfeitamente essa sentença, não há meios de vencer o tempo, de impedir que o destino bata a nossa porta, entre e depois despeça-se levando pelas mãos um de nós, um dos nossos;

Inevitável não pensar, haverá algum dia, meios de resgatar as nossas metades que o tempo levou?





(Cassiane Schmidt)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Inutilidade Literária



Quanto mais me convenço da inutilidade utilitária da literatura, mais creio na sua imortalidade.


A literatura assume um caráter “inútil” no sentido de não se enquadrar nas coisas úteis do dia-a-dia. O sapato é útil para protegermos os pés, assim como a roupa o é para vestir o corpo, no entanto ambos deixam de ser úteis a medida que compramos um novo sapato, uma nova roupa.

Desse modo a literatura é inútil para as coisas práticas e objetivas. Nós não comemos, não vestimos literatura, ela vive as margens da realidade, transcende a realidade, sobrevoa o tempo, esta aqui e ali e não está em lugar nenhum.
Isso lhe confere um caráter imortal.
Se pensarmos nas coisas que nos movem, tais como o instinto de sobrevivência, que nos faz levantar de manhã, estudar, trabalhar, podemos perceber que há uma força invisível que nos impulsiona, aí eu pergunto, que força é essa? É algo que nós podemos guardar, estocar ou até mesmo trocar quando fica velha? Absolutamente não, trata-se de uma força invisível que nos mantem vivos, do mesmo modo a literatura é uma força invisível que cuida por manter arejada a nossa alma. (Cassiane Schmidt)




Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso. (Fernando Pessoa)
 
 
 
 
Os sonhos são a literatura do sono.
(Jean Cocteau)
 
 
 
Só se pode chamar ciência ao conjunto de receitas que funcionam sempre. Tudo o resto é literatura.
(Paul Valéry)
 
 
A literatura não permite caminhar, mas permite respirar.  
(Roland Barthes)



Os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa.
(Émile Zola)



Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura. Esses, sim, são os bons. Eu só escrevo para fazer afagos. E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços. E estreitar distâncias. E encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez). Uns escrevem grandes obras. Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas. (Rita Apoena)


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Só por Hoje

Hoje eu quero,

A acústica do silêncio sobre meu telhado

Ver um pássaro novo inaugurar o céu

Sentir o perfume dos ventos

Desaprender tudo...errar a palavra, morder a palavra, salivar o escuro embaixo da pedra.

Quando pequena, meus pés era mais que simples pés, eram asas; Neles não cabiam sapatos, não cabiam dúvidas.

Quando menina, a terra era mais que terra e as árvores eram escadas que Deus construía para chegarmos mais perto Dele;

Os pássaros eram galinhas que ciscavam nuvens.

Quando andava de bicicleta, e vinha aquele vento fresco lamber meu rosto, eu chegava perto de Deus!

A igreja era um lugar engraçado, hoje é um lugar estranho. Deus ainda mora no vento, na árvore perto de casa, em mim.

Na frente de casa, quado chovia, as águas desciam do barranco, forma-se um laguinho no jardim, lá mergulhava minha alegria...banho de chuva, vaga-lumes em noites escuras, cheiro doce de pedras, tangerinas e laranjas doces amargas, infância!

Hoje quero o inverso, colecionar raízes de plantas, ver cicatrizada todas as mentiras do mundo.

Ir além da imagem, além de tudo que me faça pensar, quero pensar do avesso, mergulhar na contramão das coisas prontas, vencidas, podres.



Hoje quero o chão como o céu e o nada como caminho...





(Cassiane Schmidt)

rotina do fim


Desce a cortina

Dormem as ruas
Luzes se apagam
Lá, onde tudo termina
O tempo inicia sua rotina


O assoalho velho, manchado, embala
Os passos dum velho relógio atrasado
Na porta, memórias de partida e chegada
O fim nos espia por todos os lados


(Na velha casa, onde velhos personagens criam traças),


Talheres dormem nos pratos
Cadeiras disputam vazios
Sobre a mesa seus pedaços
Somos feitos água de rio

Silêncio, estrada do tempo
Onde o destino nos faz caminho
Quando iludida penso
Estar viva, já se desfez o meu ninho



A vida deveria sem assim:
Um sempre chegar, um nunca partir
Mas o tempo vem e nos diz:
Arrume suas malas, recolha seus pedaços

Essa é a rotina do fim!

 
Cassiane Schmidt

Ele e Ela



A rotina da mentira é o fim











No coração dele _ cadeiras vazias


No coração dela __palpites e arrepios



Na igreja, enquanto o padre dizia:

- Para sempre...



Ele pensava: para sempre não existe!

Ela, (com lágrimas nos olhos), sorria



Nas mãos dela, compromisso

Nas mãos dele, bijuteria



Festa, convidados, música, INDIGESTÃO



Na segunda-feira: rotina



Nela, verdades

Nele, mentiras



O chão-nosso de todo dia os engoliu

Ela, vazia

              .
.
..                          Ele sumiu!



Cassiane Schmidt

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Janela fechada



Brilha o sol nos olhos de Maria

Em sua boca deságua todo o mar

Até a tarde se está sombria

Quando ela passa, volta a brilhar


Quando ela passa pela rua

Todas as janelas se abrem

Tudo a volta dela se desfigura

Meus olhos em mim já não cabem


Minhas tardes são de Maria

Fiz promessa a todos os santos

Se um dia ela for minha

Cobrirei seu rosto com um manto



E ninguém jamais participaria

Da beleza da minha amada

Pois sendo minha

Viveria em meus braços

Para sempre enclausurada



Teve um dia que ela não passou

Outro também não

Será que alguém à levou?

Será de outro seu coração?



A rua sem ela ficou de luto

Eu insistia todos os dias

Buscava em outras faces seu vulto

O sorriso de Maria...



Guardo a imagem dela

Dentro de cada segundo

E nunca mais minha janela

Viu um anjo mais lindo no mundo...



Teve o dia que a janela se abriu

Foi o vento da noite

Foi um vento de frio...

Um aviso de morte!



Abriram-se os portões do cemitério

Com tristeza encontrei minha amada

Em sua volta o canto funéreo

Em mim, uma alma inconformada


Na laje fria, com os olhos fechados

Estava Maria em sono profundo

Dos céus soava um canto sagrado

...Menos um anjo neste mundo...


Junto de minha amada

Foi-me toda a alegria

Janela fechada,

Maria...



(Cassiane Schmidt)



Poema inspirado no poema “Quando Ela Passa” do imortal Fernando Pessoa. Confiram
http://www.revista.agulha.nom.br/fpessoa334.html), considero o melhor poema deste Senhor das letras...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Abismo



Na carne solitária do poeta

Um verso nasce.

Papel respirado em saudade

Passado abrindo frestas



Poemas esculpidos revelam

A doçura das mãos

Não importa o ritmo

O destino é um descarrilado vagão



Na parede dormem as horas

Num silêncio que tudo acorda...

Na triste solidão de um livro

Convenço meus personagens

A construir uma ponte sobre meu abismo



Quando a noite chega

Viro as páginas da solidão

Com a triste certeza

De que outras saudades virão...

 

(Cassiane Schmidt)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Velho Espelho

Cravadas horas,

No tempo diagnóstico

Na pele cicatrizes



Trajetos percorridos

Malas desfeitas aos pés do destino



Em algum momento tudo chora

Não importa o caminho

Em algum momento a alma estará de joelhos



E como pássaros fora do ninho

Haverá apenas a sombra fria

Refletida num velho espelho
, Sozinho!


 
(Cassiane Schmidt)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Metamorfose


Escalei os muros da ausência
Rastros de sombras entre as mãos
Embaixo dos olhos muda inocência
Acordei nos braços da solidão

 
Luze uma estrela no céu
A mesma que me viu amar e sorrir
Agora, cobre-me com seu véu
As águas tristes deste partir


Mergulhei os olhos no mar
Escondi meus versos numa rocha
Tenho a sina de sonhar,
Sonhos vivos de morta!

 
O caminho consome passos
Faz a curva das despedidas
Destino tecendo laços
Despindo vidas...


 
Cassiane Schmidt

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cenário


No telhado a vida escorre

A chuva dos dias

Não sou eu quem escolhe

Essas manhãs tristes frias...



Quem desenhou este céu cinza?

Quem esculpiu essa lágrima no olhar?

E se Deus fosse feito tinta

De que cor Ele iria as pessoas pintar?



As nuvens escorrem pelas frestas do céu

As chuvas beberam o azul da janela

Pássaros migram feito poemas num cordel

Harmonia de asas que o vento leva



A chuva aninha-se pelos cantos

Traz dos céus muitos segredos

Será, água benzida de santo?

Ou, choro de anjo com medo?



Mas o quê importa tudo isso

Se o tempo vira a página dos calendários

Relógios e ponteiros feito crucifixos

Haverá personagens, na ausência de cenário?



(Cassiane Schmidt)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Na página


Na página




Leito de letras

Páginas palavras nuas

Amoras frescas

Degustam hálitos de manhãs

Poesia e mel flutuam sobre a mesa



No escuro da página

Linhas versos aportam destinos

Margens letras e rios deságuam

Na página aberta em caminhos



A palavra na página lavra

Dedos e poros cansados

Horizonte míope

Braços de ausência devorados




Páginas janela no vento pó da escrita

Onde a mão desmaia na página

O que o coração grita!



Letras atacam feito lobos famintos

A página virgem alva

Paz consumida em íntimos recintos

Onde o escuro vazio acalma



Terra distante fora de alcance

Trem fora dos trilhos,

Linhas devorando gritos

Na página a paz é um mito!






(Cassiane Schmidt)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sem saída


Hoje acordei invertida

Feita de entradas

Portas abertas

Janelas fechadas!

Papéis e livros manchados

Colecionam meus personagens

Paisagens em preto e branco

Sonhos miragens...



Hoje acordei quatro estações

Olhos verão

Boca primavera

Outono e inverno

Congelam vozes e versos

Tudo e nada ao mesmo tempo

Mundo desmaiado em contradição

Efêmero e eterno costuram silêncios

O medo é zoom na escuridão




Hoje acordei feito um grito

No vazio que o tempo recita

Onde tudo é mito

Ausência que nada explica




Ternos escondem corpos

Lenços e fotos umedecem lágrimas

O que importa estar perdida?

Se depois da chegada

Vem sempre a partida?

Se a vida passa, passa...

E a morte não passa

De uma rua sem saída!



(Cassiane Schmidt)