Tempo de Recomeçar

Tempo de Recomeçar
"Essa história vai emocionar você"

sábado, 10 de dezembro de 2011

Velozes e Furiosos


Assustadora. É com essa palavra que inicio a crônica de hoje. Não vou deixá-los curiosos, pretendo falar de um homicídio silencioso e devastador que vem tirando a vida de muitas pessoas, dia após dia.
Refiro-me a violência no trânsito. Ligo a tevê, abro o jornal, sintonizo uma estação de rádio qualquer, e, lá está ela, a notícia: mais um vitima fatal de acidente de trânsito.
A edição do Jornal Nacional exibida em maio de 2011, revelou uma estatística preocupante do (DNIT) Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, a pesquisa revelou que Santa Catarina é o estado com maior proporção de mortes nas estradas, o estudo mostrou que, no ano passado (2010), aconteceu, em média, uma morte a cada seis quilômetros de rodovia no estado.
Parece-me que a terceira guerra mundial está declarada, as armas são os carros e a imprudência dos motoristas.
O (SIM) Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, cujos dados de 2010 revelaram: 40.610 pessoas foram vítimas fatais, sendo que 25% delas se deram por ocorrências com motocicletas.
Muitos se refugiam na desculpa que as estradas no Brasil, mais precisamente nossa famosa BR 470 encontra-se em péssimas condições, mas pensem comigo, discordem, concordem, mas, em minha opinião, quanto mais degradada à condição das estradas, maior deve ser o cuidado que o motorista deve ter.
Se a BR 470 ainda, infelizmente, não foi duplicada, evitem as ultrapassagens, andem devagar! Eu não entendo o porquê de tanta pressa, em minhas incursões pela 470 já presenciei cenas dignas de cinema, (velozes e furiosos ficam no chinelo) ultrapassagens em curvas sem a mínima visão, pessoas que escaparam por um triz de uma colisão fatal e que não se intimidaram diante do susto, continuaram se aventurando pelas frágeis e desastrosas curvas do Vale.
Nessa história, tudo é muito relativo, pois cada vez mais aumenta o número de acidentes fatais em rodovias duplicadas e em bom estado de conservação, parece-me, que nesse contexto, os motoristas pisam ainda mais fundo no acelerador, imprudentes!
Há motoristas que se sentem onipotentes diante do volante e acabam provocando tragédias.
Vários motivos contribuem para o cenário que estamos presenciando, carros cada vez mais potentes, talvez isso explique o fato de que alguns homens só conseguem sentirem-se potentes atrás do volante... Descontam suas impotências no acelerador, covardes!
Falo dos homens, pois o fato (comprovado) é que os acidentes fatais têm como protagonistas os homens, as mulheres são mais prudentes, seus acidentes não passam de um amassado aqui e um arranhãozinho ali. Um estudo minucioso realizado pela Confederação Nacional de Municípios intitulado “Mapeamento das Mortes por Acidentes de Trânsito no Brasil”, publicado em 2009, revelou que as mulheres se envolvem 4,5 vezes menos em acidentes de trânsito com mortes do que os homens.
Fico consternada pelos inocentes que tem a infelicidade de cruzar o caminho desses motoristas imprudentes, pessoas que, involuntariamente, perdem a vida por conta da irresponsabilidade e, porque não dizer, da insanidade de alguns motoristas.
A mídia, por outro lado, com suas propagandas alucinógenas, incentivam a imprudência, associam velocidade à ideia de liberdade. Infelizmente o Brasil é um país burocrático demais para colocar as leis para funcionar. Um exemplo? Lei Seca, só existe no papel, na pratica nada acontece!
De nada adianta estradas em boas condições se a índole do motorista é voar e não trafegar pelas estradas!

Cassiane Schmidt | Gaspar

Edição 1350

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Palavras

A palavra é meu pôr do sol
É o que me lava de toda angústia
É para tristeza um anzol
Minha constante busca.

A palavra é meu silêncio
Minhas ruas
Quanto mais escrevo
Mais me sinto nua

É difícil contornar o espelho
Olhar pra traz
Encarar os medos
Dizer nunca mais

Retiro da estante um porta-retratos
Escondo na gaveta uma vida
Os sonhos viram fatos
E o horizonte se transforma em partida...




Quem disse que a vida é fácil?

(Cassiane Schmidt)

Felicidade

Tenho um sonho de ser feliz
Nuances de esperança
Quero um sonho raiz
Onde a alegria do mundo canta.

Sonho com uma roda de amigos à minha volta
Um violão desconcertando meu sorriso

Meus olhos feito orlas
Arrancando meus espinhos

Sonho com a pele bronzeada dos dias
Um espelho sem arranhão
Janelas floridas
Mergulhadas no meu sertão

Quero a colmeia dos sonhos
Andar sem pressa
Rumo ao meu encontro
Lá, onde tudo começa.

Quero paredes sem lados
Cortinas novas pra minhas frágeis retinas
Amanhecer com o sol nos lábios
Ser a ponte que aproxima.

(Cassiane Schmidt)

Contradição

O abismo da página
Grita silêncios
Ao som disforme dos momentos
As horas traçam linhas imaginarias



Divido em partes iguais
O passado e o presente
Quero um pouco mais
Dos sonhos de antigamente.



Somos anfitriões do tempo
Ele nos sorri seus ponteiros.
A vida é um breve momento
Deus, um aposentado relojoeiro.



Não há nada de grave nisso
É preciso dar o primeiro passo
Rumo ao equilíbrio (que não existe)
É como querer dar um laço
Na contradição que nos divide.



Cassiane Schmidt

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Enganos...


A larva que consome o primeiro sorriso
Germina paixões, frutifica palavras
Conta gotas de lágrimas!
O sabor do mundo é cítrico!


A esperança sempre nasce do acaso
De um gesto inocente, árido.
A felicidade é feita de rastros
Momentos isolados, solitários!


O infinito existe onde o pensamento mora
Lugar aonde as forças descansam.
Ruinas retratam memórias
Enquanto a alegria declama:

Aprendi a apagar
O fogo disfarçado de chama...
aprendi  a cavalgar com os pés na lama!
?

(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Bom dia!


A edição exibida pelo Jornal de Santa Catarina no dia 29 de setembro de 2011, contou a história de um gari de Balneário Camboriú; todos os dias, ao amanhecer, ele usa seu rastelo e escreve um enorme BOM DIA na areia da praia. O fato chamou a atenção dos moradores locais e, logo, Lauro de Menezes Andrade, 38 anos, mais conhecido como Martins, se transformou numa figura carismática nas areias de Balneário. Os moradores relataram que o gari vive com um sorriso nos lábios e está sempre bem humorado, rastelando BOM DIA por onde passa.

Martins encanta quem mora nos arranha-céus da Avenida Atlântica e aos que visitam a orla. Os frequentadores mais assíduos já o batizaram de Amarelinho, inspirados na cor do uniforme que ele usa para trabalhar.

Este simples gesto nos mostra que a felicidade e o otimismo desconhecem classe social, desconhecem profissão, é uma questão de escolha. Ou escolhemos a alegria, ou a tristeza vai ocupando as cadeiras da nossa vida!

É tão comum vermos empresários, gente poderosa e rica, mas, que ao mesmo tempo, são incapazes de dizer um simples: bom dia! Vivem carrancudos, não são capazes de cumprimentar nem os próprios funcionários de suas empresas.

E o quê dizer de pais e filhos que mal dirigem a palavra uns aos outros ao amanhecer?

A vida, cada vez mais, ensina que a felicidade é uma questão de escolha, independente das perdas que tivemos, das desilusões que sofremos, é fundamental que consigamos visualizar os ganhos que estão por vir.

Muitas vezes as pessoas acabam ficando presas ao passado, lamentado o que se foi. Fecham-se para as inúmeras possibilidades que podem surgir; sobrevivem rumando às sombras do passado, sofrendo o que deixaram de fazer, contabilizando as más recordações. Tenho uma teoria, acredito que assim fica mais fácil fugir do presente, da dor que toda mudança gera, do medo do fracasso, afinal, o novo é sempre é tão assustador!

Martins, o gari de Balneário, ensina-nos uma preciosa lição, para ser feliz e para tornar o mundo a nossa volta mais feliz, bastam pequenos gestos, é nos pequenos gestos que encontramos a possibilidade de transformar nosso ambiente num lugar mais habitável.

As pessoas estão cada vez mais preocupadas em manter seu padrão de vida, estão mergulhadas no ritmo frenético e exigente de suas profissões, que acabam se transformando em pessoas incapazes de dizer um simples bom dia. Voltados para si e para suas necessidades individuais, muitos de nós acabamos nos exilando do mundo à nossa volta.

Deste contexto nasce uma nova realidade, pessoas mais simples e menos preocupadas em manter padrões sociais escravizadores, acabam “curtindo” mais a vida, ou seja, são mais felizes, valorizam as coisas simples e primam pelo contato humano, pela solidariedade! Muitas vezes o mais nos transforma em menos...

...Bom dia...                                                                                                                     Cassiane Schmidt