No telhado a vida escorre
A chuva dos dias
Não sou eu quem escolhe
Essas manhãs tristes frias...
Quem desenhou este céu cinza?
Quem esculpiu essa lágrima no olhar?
E se Deus fosse feito tinta
De que cor Ele iria as pessoas pintar?
As nuvens escorrem pelas frestas do céu
As chuvas beberam o azul da janela
Pássaros migram feito poemas num cordel
Harmonia de asas que o vento leva
A chuva aninha-se pelos cantos
Traz dos céus muitos segredos
Será, água benzida de santo?
Ou, choro de anjo com medo?
Mas o quê importa tudo isso
Se o tempo vira a página dos calendários
Relógios e ponteiros feito crucifixos
Haverá personagens, na ausência de cenário?
(Cassiane Schmidt)