Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sonho de Natal



Brilha a lua no negro céu
Crianças tecem pedidos
Esperam o papai-noel
Anjos pela inocência rendidos

Quero um presente neste natal
A paz e a alegria para todas as crianças
Fadas madrinhas dissipando o mal
Casas enfeitadas de esperança


Que Deus proteja as crianças
Atenda a todos os pedidos
Que a fé seja a herança
Escriturada nos corações adormecidos

Cartinhas de natal há em toda parte
Sonhos em letrinhas depositadas em papéis
A caridade é a maior obra de arte
Sejamos todos papais-noéis

Adotar um sonho é sublime missão
Antidoto contra a maldade
Jesus nascendo em cada coração
Revela a verdadeira irmandade


No céu de natal uma estrela brilha
O sorriso no lábio da criança nasce
A paz semeada nas famílias
Deus revela em nós a sua face

Crianças felizes na terra
Celebram um mundo ideal
O amor no coração impera
Tenhamos todos, um feliz natal!



(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Presente de Natal


Desperta do que parecia ter sido um sono de mil anos, encontrei o olhar sorumbático de vovô me fitando, olhos de mestre, como a avaliar o aluno aprendiz. Lembrei-me do primeiro dia de aula, quando cheguei ao colégio, numa manhã invernal, sentia um tremor nas mãos e um medo do novo mundo que se apresentava, o olhar da professora que fitava aos alunos como num batismo inicial, um reconhecimento da turma, assim também, parecia vovô a me olhar, com olhos de reconhecimento. Mamãe sempre diz, que eu chorei muito em meu primeiro dia de aula, nada importava mais para mim do que brincar, brincar e brincar no livre e venturoso chão da infância. Do mesmo modo, não sei por que, sinto-me, agora, invadida por esta sensação novamente, como se estivesse caminhando numa cidade desconhecida, longe das pessoas queridas, num universo novo. Terminado o breve monólogo, voltei-me a figura de vovô, que agora, sorri levemente para mim, como se estivesse entendendo meus sentimentos, decifrando e achando graça de minhas solitárias indagações. Uma suave brisa beijou-me a face, senti um frescor intenso percorrendo todo o meu corpo, um cheiro doce das laranjeiras, um cheirinho de grama cortada invadia-me os sentidos, por alguns breves e intensos momentos vi-me menina, solta, embalando-se num balanço que meu pai fizera para mim. Vi-me andando com minha bicicleta, jogando bola. Ah, que maravilhosa sensação! Acho que estou sonhando!
Aos poucos minha memória começou a inquietar-me os pensamentos, lembrei que vovô havia morrido há um ano, lembrei-me da última vez que vi o olhar do meu marido, ele acenou para mim com o costumeiro “vai com Deus”! Eu estava indo para a faculdade, chovia muito, o vidro do carro estava embaçado, lembro de ter ficado irritada com isso. Durante o percurso liguei para minha mãe, conversamos alguns minutos, desliguei, combinamos de nos falar no dia seguinte!
A estrada estava lisa, andava devagar com o carro, de repente, vi um enorme caminhão invadindo a pista, vindo em direção ao meu carro, senti um forte impacto e...meu Deus, o que aconteceu? Onde estou? Vovô diga-me alguma coisa!
- Você morreu querida, já faz alguns dias que eu estava esperando você acordar.
- Morri! E morrer é assim, tão rápido? Tão estupido? Eu preciso me despedir do meu marido, prometi ligar para mamãe! Tenho prova na semana que vem...
- Você já se despediu de todos, a vida é uma longa viajem, sempre estamos ensaiando despedidas...
- Mas...
- Fique calma, com o tempo você vai se acostumar, assim como eu me acostumei.
Senti, neste momento, um pesar profundo, encobriu-me a face o véu da tristeza.
Estava num quarto, parecia um leito de hospital, vovô estava tão bonito, parecia bem mais moço. Olhei pela janela e vi um imenso jardim, pássaros de todas as cores dançam valsa no céu azul. Lembrei-me de mamãe e de meu marido, cada vez que lembrava deles a dor invadia meu peito. Vovô segurou minhas mãos e levou-me para vê-los! Andamos um pouco até chegar num lindo portal, atravessamo-lo e, como num passe de mágica, estávamos na casa dos meus pais.
Vi minha família reunida em casa. Estavam todos a mesa jantando, era noite de natal. E eu tinha que morrer logo perto do natal! Não podia ter sido em Janeiro...
Mamãe estava bonita, vestia uma blusa azul que eu lhe havia dado. Meu marido com os olhos embargados fazia a oração de natal, nesta hora, os pratos de comida, sem exceção, foram temperados pelas lágrimas que deslizavam sobre as tristes faces. Minhas irmãs abraçavam-se, sentindo a ausência dos meus braços. Meu marido, vez por outra fitava sua aliança, como a acariciar todas as nossas lembranças...
Vovô alertou-me que teríamos que partir, pedi para esperar até a entrega dos presentes, de certa forma nutria a esperança de que alguém me veria, entregaria o meu presente. Todos apagaram as velinhas do pinheirinho, ficando uma para trás, era a minha vela! A vela solitária chorava sua cera sobre o último embrulho de presente. Aproximei-me do pinheiro de natal e soprei minha vela, neste momento sentia vozes me chamando, não sabia de onde vinha, ate sentir uma sensação de estar caindo de um abismo, aos poucos fui abrindo os olhos...e vi meu marido apertando meu dedinho do pé:
- Acorda dorminhoca, hoje é natal!
- Acordar? ....sim, sim, quero ficar acordada para sempre!!!


Obrigada meu Deus por este presente de natal, minha vida....minha vida!





(Cassiane Schmidt)