Tempo de Recomeçar

Tempo de Recomeçar
"Essa história vai emocionar você"

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Viajem ao céu


Como é vão o sofrer na terra
Como é lindo este céu que vejo
Daqui do alto ninguém erra
Somos todos irmãos num único cortejo

As Asas que dum anjo ganhei
Me guiaram sobre as nuvens
Um lugar lindo que jamais em ver pensei
Campos cobertos de magia luzem

Triste me parece a terra agora
Lá embaixo todos curvados em infindável prece
Triste é a vida para quem não aprecia as horas
Em suas agruras, em suas benesses

Quero neste céu ficar
Magia e encantos adormecidos
Bondade acariciada na pureza do olhar
O mal pelo bem, para sempre rendido

Chega a hora de partir
Devolvo as asas ao meu querido anjo
Lágrimas inebriam o meu sorrir
Ouço a melodia de um sagrado canto

Na terra de provações é possível sermos felizes
Não há justificativa para o lamento
Filhos da terra, eternos aprendizes
O coração revela as asas na hora certa do tempo



( Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

VI Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia


Catarinenses são selecionados em Prêmio Literário

O IV Prêmio LiterárioValdeck Almeida de Jesus de Poesia, edição 2008, anunciou os classificados para participarem da publicação da obra, tendo pelo segundo ano consecutivo a paulistana, radicada em Blumenau, Fátima Venutti entre eles com a poesia “Três Tempos e uma Manhã”. O livro deve estar pronto em final de julho/2009 e será lançado durante a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, no mês de setembro.

Criado em 2005 pelo escritor e poeta Valdeck Almeida de Jesús, o prêmio é um dos mais importantes da literatura brasileira, pois tem inscrições gratuitas e dá oportunidade a poetas do Brasil e do Mundo de terem seus trabalhos publicados.

Dos quase 2000 poetas inscritos, 242 foram selecionados, sendo 7 de Santa Catarina e ainda contando com poetas da Argentina, Espanha e Portugal. Na Antologia, além de Fátima Venutti, foram classificadas Cassiane Schmidt , de Gaspar, com “Roteiro da Morte” e Anair Weiricch, de Chapecó, com “ Amigos”

Durante as edições passadas, foram lançados mais de 300 novos poetas no mercado editorial. Os livros são lançados em feiras de livro e em bienais da Bahia e de São Paulo. Em 2008, durante a 20a Bienal de Sampa, a antologia foi lançada no estande da Giz Editorial e reuniu escritores e poetas do país inteiro. Para 2009, Valdeck promete lançar mais de 200 poetas na Bienal do Rio.de.Janeiro, prevista para setembro.
Valdeck Almeida de Jesus é um poeta e sonhador. Lançou os seguintes livros: "Heartache Poems. A Brazilian Gay Man Coming Out from the Closet", iUniverse, New York, USA, 2004; "Feitiço Contra o Feiticeiro", Scortecci, São Paulo, 2005; 20% da renda doada às Obras Sociais de Irmã Dulce; "Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden", Scortecci, São Paulo, 2005; 1ª edição – 100% da renda doada às Obras Sociais de Irmã Dulce; "Jamais Esquecerei do Brother Jean Wyllys", Casa do Novo Autor, São Paulo, 2006; "1ª Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus", Casa do Novo Autor, São Paulo, 2006; "Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden", Giz Editorial, São Paulo, 2007 – 2ª edição; 20% da renda doada às Obras Sociais de Irmã Dulce; Participa de mais de vinte antologias de poesias.
Site pessoal: http://www.galinhapulando.com/
Título: "Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia – Ano IV"
Org. Valdeck Almeida de Jesus
Giz Editorial (São Paulo/ SP) - http://www.gizeditorial.com.br/
Páginas: 280
Preço: R$ 30,00
Onde comprar: Giz Editorial (on-line).
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Poesia selecionada ( Cassiane Schmidt)
Roteiro da Morte
No abismo de outros mundos almas calam-se inertes
Corpos cobertos de flores cobrem campos santos
Na vaga do mar lancei uma prece
As ondas levaram memórias dos anos
***
Janelas do futuro se fecham antes da hora
A morte declama a despedida em tristes rimas
Lembranças reféns da memória
O destino o obituário assina
***
Sinos e velas anunciam o cortejo
Destino esparso em tom de melancolia
Na sala a morte brinda o triste ensejo
No sarau funéreo o choro é melodia
***
Nas mãos frias repousa o rosário
Maquiagem de tristeza encobre as faces
Sobre o leito a incerteza do itinerário
No céu uma estrela nasce
***
As pás do destino preparam a cova
Arquitetura dolente de desencanto
À tarde triste e chuvosa chora
Vida encoberta por negro manto
***
O anjo da morte iniciou a viajem
Levou a vida pelas mãos
Aportaram na estação da eternidade
Abençoados por uma oração
***
A morte caminha pelas ruas do destino
Os ponteiros do relógio ensaiam despedidas
Pétalas de flores indicam o caminho
Último suspiro, hora da partida!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Pérolas do Enem 2008

Seria cômico se não fosse trágico...ou seria trágico se não fosse cômico??????


01) "o problema da amazônia tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se
estalaram na floresta." (e levaram o disco da Xuxa onde ela canta
"Brincar de Índio")

02) "A amazônia é explorada de forma piedosa." (...)

03) "Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar o planeta." (o
mundo tem mais um Capitão Planeta?)

04) "A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu."
(velocidade 5 do créu!)

05) "Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a
floresta." (pra deixar bem claro o tamanho da destruição)

06) "O grande excesso de desmatamento exagerado é a causa da
devastação." (pleonasmo é lei!)

07) "Espero que o desmatamento seja instinto." (...)

08) "A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de
desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e
aumentarem seu número respirando um ar mais limpo." (os animais extintos
também merecem uma cerveja para comemorar quando o ar estiver limpo)

09) "A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta." (noffa)

10) "Tem empresas que contribui para a realização de árvores
renováveis." (todo mundo na vida tem que ter um filho, escrever um
livro, e realizar uma árvore renovável)

11) "Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas."
(esqueceu que também ficam sem o home theater e os dvd's da coleção do
Chaves)

12) "Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna." (amém)

13) "Os desmatadores cortam árvores naturais da natureza." (e as
renováveis?)

14) "A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica." (deve ser
culpa da morte ecológica)

15) "A amazônia tem valor ambiental ilastimável." (ignorem, por favor)

16) "Explorar sem atingir árvores sedentárias." (peguem só as que
estiverem fazendo caminhadas e flexões)

17) "Os estrangeiros já demonstraram diversas fezes enteresse pela
amazônia." (ÃHN?)

18) "Paremos e reflitemos." (beleza)

19) "A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não
autorizadas." (onde está o Guarda Belo nessas horas?)

20) "Retirada claudestina de árvores." (caraulio!)

21) "Temos que criar leis legais contra isso." (bacana)

22) "A camada de ozonel." (Chris O'Zonnell?)

23) "a amazônia está sendo devastada por pessoas que não tem senso de
humor." (a solução é colocar a o pessoal da Zorra Total pra cortar
árvores)

24) "A cada hora, muitas árvores são derrubadas por mãos poluídas, sem
coração." (...)

25) "A amazônia está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo
desmatamento devastador, intenso e imperdoável." (campeão da categoria
"o mais enchedor de lingüiça")

26) "Vamos gritar não à devastação e sim à reflorestação." (NÃO!)

27) "Uma vez que se paga uma punição xis, se ganha depois vários xises."
(gênio da matemática)

28) "A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos
governantes." (red bull neles - dizem as árvores)

29) "O povo amazônico está sendo usado como bote expiatório." (ótima)

30) "O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando."
(subindo!)

31) "Na floresta amazônica tem muitos animais: passarinhos, leões,
ursos, etc." (...)

32) "Convivemos com a merchendagem e a politicagem." (que burragem)

33) "Na cama dos deputados foram votadas muitas leis." (imaginem as que
foram votadas no banheiro deles!)

34) "Os dismatamentos é a fonte de inlegalidade e distruição da froresta
amazonia." (oh god!)

35) "O que vamos deixar para nossos antecedentes?" (dicionários)

36) "A fiscalisação tem que ser preservativa." (lerê-lerê)

37) "Não podem explorar a Amazônia de maneira tão devassaladora."
(neologismo pra devastadora + avassaladora)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O vento



O vento que beija-me a face
Traz de longe memórias dos anos
A saudade com as lembranças nasce
Reféns do passado. É para lá que vamos!


Este vento, esta noite, tudo me faz recordar
Dos velhos tempos, das velhas alegrias
Noites em claro, as estrelas no céu a contar
Mocidade cavalgando nas horas dos dias

Quero sentir o frescor da infância
Voar no cheiro doce deste vento
Pisar nas terras coloridas da lembrança
Acariciar o passado num breve momento

Dias e noites sepultavam a infância
O espelho revela a melancolia no olhar
O pôr-do-sol ilumina o brincar das crianças
Em meu coração uma menina quer voar

Vou pegar carona nas asas deste vento
Voar para onde ninguém mais mora
Confundir o velho tempo
Misturar os segundos com as horas


Um anjo revelou-me um segredo
Descobriu o portal da infância!
Quem atravessá-lo sem medo
Será por um dia novamente criança

Foi descoberta a cura para a maldade
Adultos transformando-se em criança
Resgatam na inocência da pouca idade
O coração perdido naquelas instâncias
Onde tudo era simplesmente verdade!




(Cassiane Schmidt)

Vida nova no ano novo


Todo início de ano é um convite a uma vida nova, momento de reflexão, momento de rever velhos padrões comportamentais, reavaliar hábitos, enfim, organizar a bagagem para seguir em frente no ano novo que se apresenta. Momento no qual muitas pessoas pretendem deixar para trás tudo aquilo que foi impedimento para o progresso material, e, principalmente, para o progresso espiritual.
Infelizmente passam dias, semanas, e colocamos em prática pouco ou quase nada das metas para o novo ano. Pessoas há, que só realizam um plano de metas material, esquecendo dos objetivos espirituais.
Começar um ano novo é a oportunidade de mudanças, abandonar hábitos contraproducentes, significa o início de um novo ciclo e, portanto, oportunidade impar de realizar um empreendimento a favor de maior qualidade de vida! Para mim, particularmente caros leitores, qualidade de vida está cada vez mais associada ao progresso espiritual. Mas o que significa na prática “progredir espiritualmente”? Um exemplo bem elucidativo, para que nosso corpo mantenha-se vivo é preciso: alimento, água, higiene, enfim, todos conhecem bem a rotina da manutenção do corpo físico.
O que sabemos pouco é sobre a manutenção do nosso corpo espiritual, sim, pois acreditem ele requer muitos cuidados, muita atenção. Geralmente delegamos pouca importância as necessidades do corpo espiritual. Assim como o alimento é vital para o corpo físico, a oração é para o corpo espiritual.
Vejamos os nutrientes que uma tabela nutricional para o espírito deve conter:
Oração, caridade, meditação, autoconhecimento, educação, perdão, bondade, fé, conhecimento (Lei causa e efeito), trabalhos voluntários, etc.
Percebam que são inúmeras as necessidades do nosso corpo espiritual, quem conseguir colocar em prática alguns dos itens acima, conseguirá uma significativa melhora na qualidade de vida. Lembrando que a relação entre o corpo espiritual e o corpo material é íntima, ambos relacionam-se de forma indissociável, quando um vai mal o outro padece igualmente. Todas as enfermidades começam na alma, alastrando-se pelo corpo e transformando-se em doença física A medicina moderna reconhece que pessoas com marcada incapacidade de perdoar acabam desenvolvendo maiores probabilidades no desenvolvimento do câncer. Portanto o perdão cura! Perdoar é livrar-se de um pesado fardo. Perdoe! Sua saúde agradece!
Sentimentos de raiva, ódio, inveja, competição, contaminam a alma, quem paga a conta é o corpo, que não agüenta a nocividade das emoções que esses pensamentos produzem, e acaba adoecendo.
É preciso resgatar os valores espirituais, os preceitos éticos, é preciso silenciar o coração, fugir do barulho ensurdecedor que impede-nos de pensar, de refletir, de avaliar a própria vida, de encontrar a passagem para um mundo onde as pessoas tenham mais comprometimento existencial.
O mundo encontra-se barulhento, um barulho ensurdecedor, falamos mais do que ouvimos, cegos e surdos, caminhamos para lugar nenhum, carregamos o peso dos vícios, do consumismo – escapismo; Compra-se desmedidamente para tentar preencher o vazio da alma; as insatisfações crônicas, uma fuga desleal com o bolso! Lembrei-me, dum velho ditado que minha nona costumava dizer-nos: " Percebam como as carroças vazias fazem barulho"...Hoje compreendo o que minha velha queria dizer!
Arrisco dizer que as pessoas fogem do silêncio, para evitar um encontro consigo mesmas, sim, pois o silêncio faz isso, convida-nos a ficarmos a sós com nós mesmos, e para alguns, isso é terrível!
O planeta Terra é um palco de provações, é escola na qual nós somos aprendizes. Como numa escola, precisamos realizar algumas provas para poder passar de ano, do mesmo modo, na vida são nos dados muitas provas. Pense um pouco, qual vem sendo a sua provação? Pense, reflita seu problema de uma maneira diferente, comumente pensamos, ou melhor, sentimos nossas provações com desgosto, insatisfação e, geralmente, com revolta. Preciso é pensar de uma maneira diferente, concentrar a atenção não no peso da “cruz” que carregamos, mas sim nas lições que podemos aprender com ela. Silenciar a mente, ouvir a canção do universo, nutrir o corpo espiritual, respeitar a integridade do corpo físico, eis aí os grandes desafios para serem alcançados no ano novo, tenhamos, portanto, coragem para alcançar uma vida nova no ano novo!



(Cassiane Schmidt)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sonho de Natal



Brilha a lua no negro céu
Crianças tecem pedidos
Esperam o papai-noel
Anjos pela inocência rendidos

Quero um presente neste natal
A paz e a alegria para todas as crianças
Fadas madrinhas dissipando o mal
Casas enfeitadas de esperança


Que Deus proteja as crianças
Atenda a todos os pedidos
Que a fé seja a herança
Escriturada nos corações adormecidos

Cartinhas de natal há em toda parte
Sonhos em letrinhas depositadas em papéis
A caridade é a maior obra de arte
Sejamos todos papais-noéis

Adotar um sonho é sublime missão
Antidoto contra a maldade
Jesus nascendo em cada coração
Revela a verdadeira irmandade


No céu de natal uma estrela brilha
O sorriso no lábio da criança nasce
A paz semeada nas famílias
Deus revela em nós a sua face

Crianças felizes na terra
Celebram um mundo ideal
O amor no coração impera
Tenhamos todos, um feliz natal!



(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Presente de Natal


Desperta do que parecia ter sido um sono de mil anos, encontrei o olhar sorumbático de vovô me fitando, olhos de mestre, como a avaliar o aluno aprendiz. Lembrei-me do primeiro dia de aula, quando cheguei ao colégio, numa manhã invernal, sentia um tremor nas mãos e um medo do novo mundo que se apresentava, o olhar da professora que fitava aos alunos como num batismo inicial, um reconhecimento da turma, assim também, parecia vovô a me olhar, com olhos de reconhecimento. Mamãe sempre diz, que eu chorei muito em meu primeiro dia de aula, nada importava mais para mim do que brincar, brincar e brincar no livre e venturoso chão da infância. Do mesmo modo, não sei por que, sinto-me, agora, invadida por esta sensação novamente, como se estivesse caminhando numa cidade desconhecida, longe das pessoas queridas, num universo novo. Terminado o breve monólogo, voltei-me a figura de vovô, que agora, sorri levemente para mim, como se estivesse entendendo meus sentimentos, decifrando e achando graça de minhas solitárias indagações. Uma suave brisa beijou-me a face, senti um frescor intenso percorrendo todo o meu corpo, um cheiro doce das laranjeiras, um cheirinho de grama cortada invadia-me os sentidos, por alguns breves e intensos momentos vi-me menina, solta, embalando-se num balanço que meu pai fizera para mim. Vi-me andando com minha bicicleta, jogando bola. Ah, que maravilhosa sensação! Acho que estou sonhando!
Aos poucos minha memória começou a inquietar-me os pensamentos, lembrei que vovô havia morrido há um ano, lembrei-me da última vez que vi o olhar do meu marido, ele acenou para mim com o costumeiro “vai com Deus”! Eu estava indo para a faculdade, chovia muito, o vidro do carro estava embaçado, lembro de ter ficado irritada com isso. Durante o percurso liguei para minha mãe, conversamos alguns minutos, desliguei, combinamos de nos falar no dia seguinte!
A estrada estava lisa, andava devagar com o carro, de repente, vi um enorme caminhão invadindo a pista, vindo em direção ao meu carro, senti um forte impacto e...meu Deus, o que aconteceu? Onde estou? Vovô diga-me alguma coisa!
- Você morreu querida, já faz alguns dias que eu estava esperando você acordar.
- Morri! E morrer é assim, tão rápido? Tão estupido? Eu preciso me despedir do meu marido, prometi ligar para mamãe! Tenho prova na semana que vem...
- Você já se despediu de todos, a vida é uma longa viajem, sempre estamos ensaiando despedidas...
- Mas...
- Fique calma, com o tempo você vai se acostumar, assim como eu me acostumei.
Senti, neste momento, um pesar profundo, encobriu-me a face o véu da tristeza.
Estava num quarto, parecia um leito de hospital, vovô estava tão bonito, parecia bem mais moço. Olhei pela janela e vi um imenso jardim, pássaros de todas as cores dançam valsa no céu azul. Lembrei-me de mamãe e de meu marido, cada vez que lembrava deles a dor invadia meu peito. Vovô segurou minhas mãos e levou-me para vê-los! Andamos um pouco até chegar num lindo portal, atravessamo-lo e, como num passe de mágica, estávamos na casa dos meus pais.
Vi minha família reunida em casa. Estavam todos a mesa jantando, era noite de natal. E eu tinha que morrer logo perto do natal! Não podia ter sido em Janeiro...
Mamãe estava bonita, vestia uma blusa azul que eu lhe havia dado. Meu marido com os olhos embargados fazia a oração de natal, nesta hora, os pratos de comida, sem exceção, foram temperados pelas lágrimas que deslizavam sobre as tristes faces. Minhas irmãs abraçavam-se, sentindo a ausência dos meus braços. Meu marido, vez por outra fitava sua aliança, como a acariciar todas as nossas lembranças...
Vovô alertou-me que teríamos que partir, pedi para esperar até a entrega dos presentes, de certa forma nutria a esperança de que alguém me veria, entregaria o meu presente. Todos apagaram as velinhas do pinheirinho, ficando uma para trás, era a minha vela! A vela solitária chorava sua cera sobre o último embrulho de presente. Aproximei-me do pinheiro de natal e soprei minha vela, neste momento sentia vozes me chamando, não sabia de onde vinha, ate sentir uma sensação de estar caindo de um abismo, aos poucos fui abrindo os olhos...e vi meu marido apertando meu dedinho do pé:
- Acorda dorminhoca, hoje é natal!
- Acordar? ....sim, sim, quero ficar acordada para sempre!!!


Obrigada meu Deus por este presente de natal, minha vida....minha vida!





(Cassiane Schmidt)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Duas chuvas/ Tragédia em Santa Catarina




Chovem duas chuvas:

Uma de água e outra de lágrimas
Uma de água e outra de lama
Uma de água e outra de casas
Chuvas que deixam crianças sem cama

Chovem duas chuvas:

Uma de água e outra de fome
Uma de água e outra de azar
Uma de água e outra sem nome
Chuvas que levam em suas águas a paz

Chuvas de desespero, de tristeza
Chuvas de solidão
Chuvas em cima da mesa
Terra no lugar do pão

Esta chuva que não cessa
Deixando tantos ao léu
Pedidos, súplicas e promessas
Olhares aflitos esperam a ajuda do céu

Corpos engolidos pela terra
Sem tempo de se despedir
Avalanches invadem sem espera
Vidas convidadas a partir

No olhar da menina passeia uma lágrima
A chuva insolente beija-lhe a face
Pezinhos descalços no chão de lástimas
Na inocência das crianças a esperança nasce


Chega de tanta chuva!
Que reine o sol e a luz
A fé do povo se curva
Aos pés da santa cruz!


Deus!
Há muito sofrimento nestas paragens
Lança sobre os desabrigados a tua proteção
Dá para Teus filhos a coragem
Que encontrem na tristeza
A fortaleza da oração


Deus!

E aqueles que se foram
Levados pela terra e pela água
Segura-os em Tuas mãos
Que tenham no céu uma morada
E a paz eterna reine em cada coração


E para aqueles que ficaram
Muita força e coragem
Aqui por onde as águas passaram
As terras desmoronaram
A fé, agora pede passagem!



(Cassiane Schmidt)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Bem-te-vi



Bem-te-vi...
Bem-te-vi...

O que vês tão bem assim?
Diga-me! Bendito pássaro
São anjos tocando clarim?
Ou estrelas dançando no espaço?

Mas o que tão bem viste?
Para tanto repetir...
Nesta tarde triste:
Bem-te-vi...bem-te-vi...

Revela teu segredo
Para que eu possa entender
Qual o enredo
Deste aclamado bem-querer

Voa passarinho, voa...
Neste céu cinza de nuvens
Tão certo quanto tuas asas
É o destino que cumpre

A tarde triste morre
Cabisbaixa nas luzes que extingue
A chuva tristonha que escorre
O teu canto cinge

Bem-te-vi:
Dá-me carona em tuas asas,
Para juntos bem nos ver
Quero o céu como casa
E o teu segredo conhecer

Mas se não puderes, não faz mal
Pior que viver com pés presos no chão
E deixar de ouvir tua doce canção


Bem-te-vi....
Bem-te-vi....


(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Poema




Poemas, o que são?


Fuligens esquecidas nas chaminés do tempo
Sonhos – Medos - Lenços



Letras de salvação
Terra inocente de Marias e Joãos
Tudo é poesia no coração de quem sente.

Poema,
É feito de tudo aquilo que penso
Mas o pensar importa menos que o sentir,
Pois é só quando sinto, que me sinto,
E sou capaz de saber a hora certa
que o pensamento sentido pede para nascer...



O poema está no olhar puro da criança,
Está nos letárgicos passos do andarilho, é feito de sucos, sumos, vultos;
Nasce da dor, da alegria, ou simplesmente, das mãos frias.
Poemas escuros e claros, tão raro os raros...
É assim o poema,
O indumentário da alma, a escritura do amor, algumas vezes da dor;
O parto dos sentimentos, retrato de momentos
Mas onde esta o poema?
- Nas asas do pássaro?
- Banhando-se em lágrimas?
- Nas horas que passam?
- No vento que passou...?
Não sei onde ele está!
Onde escondem-se os poemas, pergunto, onde?
O poema Parte antes mesmo de chegar
Está em tudo, vive em vigília na alma do poeta,
atocaiando o momento certo para nascer, e nascendo,
vive e goza a eternidade de breves momentos,
Figurando-se em múltiplas faces no olhar de quem o descobre,
redescobre e o batiza,
o leitor.

Esperem!!!
Um poema acaba de passar por aqui...

Poemas, pomar de versos
Vinho tinto de letras
Degustando o universo
Anacoluto de surpresas

Poemas testemunha ocular
Inventário de sensações
Acidente vascular
Rebusca de emoções

Poemas de cores aladas
Esconde-se atrás do muro
Na chuva beijando a calçada
No esconderijo do olhar escuro

Poemas, aquecidos em ninhos
Caminhos de flores
Chorando os espinhos
Exorcizando agoures

Poemas, ilusão de versos
Tessitura de letras
Afogam e submersos
Talham as palavras crespas

Poemas feitos de mar
De vento e arestas
Conjugam o verbo amar
Em todos os tempos
Sem pressa, sem pressa



(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Tristes horas...



Do que são feitas essas horas tristes?
Meu coração quer saber!
De onde vem essa melancolia que aflora
Cobrindo de tristeza todo o ser?

De onde vem esses minutos de agonia?
Paisagens em preto e branco
Nos olhos a negra letargia
Na alma, cenário de desencanto

A tristeza chega de mansinho
Ocupando as cadeiras do coração
A melancolia constrói seu ninho
Fotos e memórias mergulham na solidão

Sobre as tristes horas vagueiam
Sorumbáticos versos de saudade
Sentimentos absortos passeiam
Pelos vales inóspitos da verdade


Por quanto tempo ainda lamentar-se-á a languidez das horas?
Horas que passam devagar, devagarinho passam
Mas onde está a minha paz agora?
Brincando nas asas de um fugidio pássaro?

O poeta me vigia na noite escura
Espreita-me algoz, os versos dolentes
Rimas pobres e ricas, rimas puras
Retratam as cinzas das horas tristemente

E quando a andarilha tristeza vai-se embora
Sinto tocar-me a face os benfazejos ventos
A alegria novamente mora
Na terra virgem do tempo...


Cassiane schmidt

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Há tanta vida no Pessoa



Chove? Nenhuma chuva cai



Chove? Nenhuma chuva cai...

Então onde é que eu sinto um dia

Em que o ruído da chuva atrai

A minha inútil agonia?

**

Onde é que chove, que eu o ouço?

Onde é que é triste, ó claro céu?

eu quero sorrir-te, e não posso,

Ó céu azul, chamar-te de meu...
***

E o escuro ruído da chuva

É constante em meu pensamento.

Meu ser é a invisível curva

Traçada pelo som do vento...

****
E eis que ante o sol e o azul do dia,

Como se a hora me estorvasse,Eu sofro...

E a luz e a sua alegria

Cai aos meus pés como um disfarce.

*****

Ah, na minha alma sempre chove.

Há sempre escuro dentro de mim.

Se escuto, alguém dentro de mim ouve

A chuva, como a voz de um fim...

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

As faces que o tempo revela



Numa pequena aldeia longe da civilização, havia um lindo rebanho, com abundantes e verdes pastagens; Neste rebanho havia uma grande família de cordeiros, todos liderados pelo cordeiro mais velho, ele era uma espécie de conselheiro dos mais jovens; Todos viviam em paz e harmonia, eram corteses uns com os outros e viviam num clima benfazejo e de muita paz. Certa feita, o grande rebanho foi surpreendido por uma visita inusitada, apareceu no alto do grande vale um lindo cordeiro, sua lã alva e formosa chamou atenção de todos, sem dúvida, era de uma beleza singular e, por isso, todos os outros animais ficaram boquiabertos diante do imponente visitante.Chamaram o sábio do rebanho para contar-lhe o ocorrido; O sábio muito gentil perguntou ao recém chegado: - o que te trás por estas paragens, jovem e belo cordeiro?Então com uma visceral oratória e primada educação, o visitante respondeu ao sábio:- vim de muito longe, perdi-me de minha família e fiquei só neste mundo, peço clemência nesta hora difícil e imploro que me aceites neste tão belo rebanho!O velho e bondoso líder refletiu por alguns instantes e aceitou o pedido do forasteiro;
Nos dias que se seguiram, tudo começou a mudar na rotina do grande rebanho, o garboso visitante começou a criar pequenas intrigas entre os demais cordeiros, era gentil e educado e, consequentemente, passou exercer influência sobre os demais, semeando dissimuladamente a discórdia entre todos. Enquanto o caos ia se instalando no rebanho, entre brigas e discussões, o velho sábio começou a perceber que seu rebento estava cada vez menor, e a cada noite um ou mais cordeiros desaparecia! Além do que, o comportamento do tão simpático visitante parecia ser, em alguns momentos, dissimulado!
Com o passar do tempo, o simpático e educado cordeiro, passou a ter um comportamento cada vez mais instável, revelando pouco a pouco sua verdadeira identidade, o que deixou o líder do grupo desconfiado!
Foi então que o velho sábio decidiu ficar em vigília na noite seguinte, para tentar descobrir a causa do desaparecimento dos cordeiros, já que o fato ocorria somente à noite!A noite se aproximava e todos os cordeiros foram dormir, apenas o velho sábio ficou escondido a observar o que acontecia, foi então que ele surpreendeu-se ao ver o visitante, o cordeiro mais belo que já tinha visto, arrancou sua máscara, revelando sua verdadeira identidade, era um lobo!
O velho sábio ficou horrorizado com a cena que acabara de presenciar, o lobo algoz, na surdina da noite, atacou e devorou um cordeiro que dormia! Desfeita a farsa, assim que amanheceu, o velho sábio reuniu todo o rebanho e contou-lhes a verdade, alguns se revoltaram contra o velho conselheiro, alegando que ele permitiu a entrada do intruso no rebanho! Outros planejavam a prisão do lobo, foi então que um dos cordeiros perguntou ao velho sábio: - Mestre, qual o antídoto para não sermos mais enganados por algum lobo que se vista em pele de cordeiro? O mestre pensou por alguns instantes, e respondeu ao jovem cordeiro: - O tempo! Não há nenhuma máscara que resista ao implacável tempo! O tempo tudo revela, é o conselheiro mais sábio que existe!Todos aplaudiram o mestre e bendiziam o remédio contra todos os males, todas as farsas, o santo TEMPO!
Ao perceber que havia sido descoberto, o lobo fugiu pelos vales e ninguém mais o viu por aquelas paragens, assim a paz voltou a reinar naquele rebanho!Ninguém mais soube do paradeiro do lobo! Quem sabe ele não está em algum lugar bem próximo de você?
Fique atento, ele pode estar no seu trabalho, na sua repartição, entre seus amigos, até mesmo na sua casa!
Lobos há por toda a parte, fique atento aos sinais, pois um dia, inevitavelmente: as máscaras caem!!!






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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Roteiro da morte



No abismo de outros mundos almas calam-se inertes
Corpos cobertos de flores cobrem campos santos
Na vaga do mar lancei uma prece
As ondas levaram memórias dos anos

Janelas do futuro se fecham antes da hora
A morte declama a despedida em tristes rimas
Lembranças reféns da memória
O destino o obituário assina

Sinos e velas anunciam o cortejo
Destino esparso em tom de melancolia
Na sala a morte brinda o triste ensejo
No sarau funéreo o choro é melodia

Nas mãos frias repousa o rosário
Maquiagem de tristeza encobre as faces
Sobre o leito a incerteza do itinerário
No céu uma estrela nasce

As pás do destino preparam a cova
Arquitetura dolente de desencanto
À tarde triste e chuvosa chora
Vida encoberta por negro manto

O anjo da morte iniciou a viajem
Levou a vida pelas mãos
Aportaram na estação da eternidade
Abençoados por uma oração

A morte caminha pelas ruas do destino
Os ponteiros do relógio ensaiam despedidas
Pétalas de flores indicam o caminho
Último suspiro, hora da partida!



(Cassiane Schmidt)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ausência



Ausência, palavra triste, sombra de dor que envolve, que faz sangrar as lembranças;
Não há desafio, para não dizer dor, maior que a sensação da perda de alguém que amamos. A vida pode ser comparada a uma grande estação de trem, uns há que chegam, outros que partem, a vida não pára. Somos peregrinos numa terra de provações; O amor é, sem dúvida, a mais intensa sensação que podemos sentir, contudo, o amor implica no exercício da renúncia, em algum momento da vida passaremos pela abstinência do amor, pelos caminhos da dor, ir-se-á provar o cálice amargo da saudade, uma ferida aberta no coração!
É preciso coragem para amar, mais do que qualquer outra coisa!
Mesa vazia, porta-retratos, histórias, fotos, lembranças temperam a saudade, embriagam a dor, e nada, nada mais preenche o lugar, a saudade de alguém é como carta destinada a quem se quer e não mais se têm, é querer alcançar a lua, roubar uma estrela, voltar a um tempo que não mais existe, a não ser no coração de quem ousa recordar. Provar da própria saudade é como pintar na memória o retrato de quem se foi, fotografar com a alma vultos e cheiros espalhados pela casa...
A morte é como ave noturna, traiçoeira, espreita-nos pelos cantos da noite, aborta o dia! Cruel, leva pelas mãos da eternidade os nossos companheiros de jornada, ficamos para trás, olhos perdem de vista, cegam a alegria, o coração passa a enxergar.
É preciso viver intensamente ao lado das pessoas que amamos, dizer o quanto elas são importantes para nós; Porque as pessoas estão aprendendo a economizar amor? Economizar beijos e abraços verdadeiros? Estamos aposentando o carinho, esquecendo que o tempo voa como pássaro selvagem, e que não se pode pará-lo.
Mergulhar no profundo das lembranças, significa bordar as recordações em linhas de saudade no frágil tecido da vida.
Amemos sempre e cada vez mais, amemos com mais qualidade, amemos até compreendermos o verdadeiro significado da palavra amor, e talvez nesse dia, poder-se-á compreender que o amor não morre, que a separação não é definitiva, estamos ligados, eternizados pelos ventos do destino, mais cedo ou mais tarde, voltamos a nos encontrar!
Não há chegada, nem partida definitivas, há simplesmente a experiência de aprender as lições que o amor pode nos ensinar!


( Cassiane Schmidt)