Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

domingo, 22 de janeiro de 2012

Natal


Escrever sobre o tema “Natal” é difícil e, convenhamos, mesmo ocorrendo uma vez só ao ano, os discursos natalinos acabaram se tornando piegas, repetitivos. Por isso, quando nos é solicitado escrever uma crônica sobre o natal, passa um turbilhão de dúvidas do que escrever.

Estou cansada de papais-noéis com a barba desfeita, desfilando em limusines, dos papais-noéis estressados que são obrigados a ficarem horas  sentados numa cadeira dum Shopping Center.

O melhor Papai Noel é aquele que mora em nossa imaginação! (De preferência em nossa imaginação de criança)

Encontrar a fórmula exata, que seja capaz de fisgar a atenção dos leitores e, principalmente, tocar um Jingle Bells em seus corações é quase impossível, diante de um dezembro tão desfigurado pelo consumismo.

Quando eu era criança eu colocava um sapatinho no beiral da janela na noite que antecedia o natal, onde o Papai Noel deixava um presente. “seja rico, ou seja, pobre, o velhinho sempre vem... (vence?)” lembram-se dessa cantiga?

É claro que havia o discurso da mãe: “O Papai Noel só vem se você for uma boa menina, se não ficar em exames na escola, se comportar-se”. Morro de saudade desse tempo, contudo, as recomendações somente eram colocadas em pratica, confesso, em meados de novembro, quando a figura do Noel era mais presente e o bom comportamento se fazia mais urgente.

Natal tem a ver com tempo, quando era criança esta ocasião era uma eternidade, hoje, tornou-se um relâmpago! Os meses cavalgam apressados sobre as horas e dezembro está sempre ali, nos observando.

 Não sei de vocês, mas para mim o mês de dezembro é o mês mais difícil do ano. Por quê? , porque ele nos empurra para a reflexão, fecha uma porta entulhada de memórias e abre outra cheia de esperanças, e incertezas, também.

Para nós, pobres mortais, digerir o passado e lidar com as angústias que o futuro guarda, não é tarefa fácil.

Natal também é luto, porque mais cedo ou mais tarde, alguém desaparece da mesa, uma cadeira vazia, um coração triste, uma vela que se apaga, um presente a menos embaixo do pinheirinho.

Luto não é feito apenas de morte, mas da ausência emocional de alguém que amávamos tanto e que não pertence mais ao nosso contexto.

Olhando pra tras, encontrei uma crônica natalina que escrevi para o Jornal Cruzeiro em dezembro do ano de 2007, onde eu dizia que o mais importante: “Não são os presentes que ganhamos, mas, as pessoas que estão junto de nós. Não é a ceia farta de natal, é a mesa cheia, cheia de gente...”.

Mas, tudo bem, nem tudo são perdas, o passado é especialista em construir paredes, para muito nós este Natal será uma ocasião de olhos vermelhos, de coração saudoso, de novidade, de ausência.

Este ano não vou acender velas, nem fazer pedidos, meu pinheirinho de natal estará enfeitado de casulos!



 (Cassiane Schmidt)

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