Dia destes estava eu em uma loja de brinquedos, quando pude observar um pequeno que lá estava, não tinha mais que uns sete anos de idade. Ali mesmo na loja, em frente a todos, o garoto ia exigindo de sua mãe uma quantidade sobeja de brinquedos, algo sem limites.
A mãe, uma jovem de uns 19 anos, no máximo, surpreendentemente comprou todos para o moleque, alegando diante do olhar abismado do caixa, que creio nunca ter vendido tanto brinquedo para uma só criança.
- Vou comprá-los, do contrário ele se põe aos prantos!
Fiquei surpresa, e confesso preocupada, com a atitude pusilânime da mãe frente aos desmandos do garoto. Depreendi da lamentável cena, que dias difíceis virão se os pais não estiverem cônscios de sua responsabilidade na educação de seus filhos.
Hoje, a criança recebe uma overdose de brinquedos, e no futuro? do que será a overdose? Quais os sistemas de compensação que irão satisfazer os jovens, quais as mamadeiras psicológicas nas quais estes mesmos jovens irão matar sua sede?
Os limites são essenciais na infância e na adolescência, não falo dos limites castradores, que comprometem o potencial, que prejudique a autoestima, refiro-me aqui dos limites saudáveis, aqueles relacionados aos bons modos, a educação.
Percebo uma geração de pais confusos, apáticos em relação à educação dos seus filhos, vá lá, educar dá muito trabalho! Requer que os pais tirem tempo para conversar, debater, educar verdadeiramente gera conflito, pois o interesse dos pais vai contra os interesses imediatistas e, muitas vezes, irresponsáveis dos filhos.
Já cansei de ouvir pais que alegam não terem tempo para seus filhos, acabam terceirizando a educação do rebento, relegando a responsabilidade aos professores, babás, etc... Em muitos lares pais e filhos mal se enxergam, principalmente nos lares onde dinheiro não é problema, onde os pais sobrecarregam seus filhos de atividades. Vi um entrevista onde uma menina de seis anos de idade relatou estar cansada e depressiva, pois fazia aula de ballet, inglês, natação, e treinava basquete, fora seus compromissos escolares. Isso é um absurdo!
Antigamente, não faz muito tempo, os pais tinham um controle maior sobre a educação do filho, bastava um olhar de reprovação do pai, que a criança já entendia o recado.
Hoje os papeis estão se invertendo, filhos mandam e desmandam nos pais, escravizam seus pais para manterem seu status, são irresponsáveis e, retomo o tema deste texto, “desconhecem limites”. Não estou generalizando, por sorte, às vezes, confesso que raramente, eu encontro jovens educados, estudiosos, que respeitam seus pais e seus professores, esses sim, terão um futuro brilhante pela frente! E o melhor ainda, agradecerão aos pais as “rédeas” que lhes foram colocadas durante a infância e adolescência.
Vou mencionar um dos reflexos dessa inversão de valores, dessa falta de limite que não existiu lá nos primórdios da infância, vou citar um apenas, que está evidente em nossa sociedade, Gaspar enfrenta isso quase todos os finais de semana.
São os acidentes de carro envolvendo jovens entre dezoito e vinte e nove anos de idade, salvo raríssimas exceções, todos os acidentes ocorrem na pós-balada, e a ingestão de bebida alcoólica está presente.
Educar, conscientizar é um caminho que deve ser trabalhado desde a infância, os pais precisam assumir seus postos, dedicar tempo aos seus filhos, pois somente assim, poderemos pensar num futuro mais promissor para nossa sociedade. Limites sem traumas, isso é possível, basta que os pais assumam sua responsabilidade sobre a educação dos filhos; a sociedade agradece!
Cassiane Schmidt
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