sexta-feira, 12 de outubro de 2012
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Eles e Elas
Está difícil. É o que eu ouço falar
sobre a dificuldade de as pessoas conseguirem viver um amor verdadeiro.
Acredita-se que o amor vive escondido feito a tartaruga que se fecha à
carapuça, e, somente às vezes, arrisca dar uma olhadela pra fora. A reclamação
parte dos dois lados, homens e mulheres insatisfeitos com a falta de sentido
que há nos relacionamentos.
As mulheres de hoje investem
todas as suas fichas na “casca” se esquecem da seiva, aquela que nutre,
sustenta, perdura. O mercado consumista não se restringe mais a venda de
carros, roupas de grife, e blá blá blá, hoje as mulheres tornaram-se objetos de
consumo, arrisco dizer que, quase não servem pra consumo propriamente dito, e
sim para serem simplesmente olhadas.
As mulheres, lembremo-nos sempre
das exceções, parecem não mais acreditar na originalidade, na delicadeza e no
sagrado que há no ato de amar alguém. O essencial sucumbe a desejos
imediatistas e fugazes. Vivemos numa revolução da vulgaridade, mulheres frutas,
mulheres que se mutilam tentando ofuscar o vazio que as preenche. Mulheres
prisioneiras de uma exterioridade corporal escravista. Será que é isso que um
homem procura numa mulher? Não consigo imaginar essas mulheres-robôs sendo
mães, sendo donas de casa, esposas companheiras e, sobretudo, sendo
profissionais competentes.
A vaidade na medida certa é
essencial, a aparência é importante, sim! No entanto, parece-me que há um excesso
desmedido na busca da imagem perfeita, irretocável. Não por acaso, alguns
homens referem-se a algumas mulheres de forma depreciativa: “tão bonitinha, mas
tão burrinha!”. O inverso também corresponde. Quantas vezes nos deparamos com
1,80 de pura beleza e pecado e ficamos empolgadas (sim, homens, nós temos o
costume de nos empolgar), mas, ao trocarmos uma única palavra, tudo vai por
água abaixo... Enquanto que ao lado de um homem inteligente o tempo voa, a
conversa flui como numa sinfonia de Beethoven. Os homens inteligentes e
sensíveis possuem um feeling irresistível.
Faz algum tempo, em conversa
informal com um grupo de alunas adolescentes, elas diziam-me que os só se interessavam
pelos “gatos” da escola, pelos “pit boys” da balada. Diante da revelação,
apresentei minha retórica, disse que não concordava. Olhei ao redor e vi um
grupo de meninos saindo da biblioteca com as mãos cheias de livros, olhei pra
elas e disse: eles sim são grandes partidos, serão, não tenho dúvidas,
excelentes namorados ou amigos, que seja.
Elas me olhavam atentamente,
percebi que podia prosseguir... Veja bem meninas, imaginem conversar com um
garoto que leu Shakespeare, Machado de Assis, que gosta de música clássica e curte
a natureza e conversar com garotos que, aos dezesseis anos de idade lê, no
máximo, bula de engov, canta “eu quero tchu tcha tchu” e “aí se eu te pego”...
Não dá né garotas! ? É o mesmo que trocar um cabernet sauvignon por raiska.
Ainda bem que nesta hora o sinal do colégio soou e eu despedi-me com uma
sensação de aula dada e um sorriso satisfeito na alma.
(Cassiane Schmidt)
domingo, 29 de abril de 2012
Solidão...
Já dizia o saudoso Renato
Russo “O mal do século e a solidão”. Concordo. A sociedade passou por intensas
transformações. Costumo dizer que o século XX marcou os grandes e rápidos
avanços da humanidade. Entramos neste século a cavalo e saímos de avião.
Tanta informação e
transformação respingaram, não poderia ser diferente, nos relacionamentos
humanos. A solidão é a grande vilã do contexto em que vivemos. Em meio a tantos
avanços tecnológicos e condições melhores de vida, surge um novo modo de vida:
o isolamento.
Estamos nos isolando uns
dos outros. Criando diques de contenção para nos proteger do mundo. O
individualismo é uma característica marcante do novo contexto.
Pais cada vez mais
atarefados e sobrecarregados pelo excesso de trabalho, mal encontram tempo para
seus filhos. Os filhos, também com excesso de informação e uma gama de opções
para passar o tempo, acabam perdendo de vista o foco de suas vidas.
Antigamente, (sei que essa
frase soa clichê, mas é preciso retomar exemplos) os filhos nutriam uma relação
mais próxima com seus pais, os pais repassam princípios e valores para os
filhos, que eram muitos. Hoje, pais e filhos, maridos e esposas, mal se
conhecem. Não tiram tempo para se conhecerem.
O ritmo da vida frenética
assumiu as rédeas da convivência e a saúde nos relacionamentos adoece. É comum
acompanhar depoimentos de pais que ficam surpresos ao descobrirem que o filho é
um traficante, assassino. Vi um depoimento de uma mãe que ficou em choque
quando seu filho foi preso, acusado de assassinato e formação de quadrilha. Os
pais não prestam mais a devida atenção ao seu rebento.
Pergunto-me, como uma mãe
não conseguiu observar que havia alguma coisa de errado no comportamento do
filho? Esse é apenas um dos inúmeros casos em que a família não se dá conta do
que esta acontecendo em seu entorno. É nessa conjuntura solitária dos tempos
hodiernos que as pessoas sobrevivem.
A solidão ganhou uma cara
nova, ela não é mais caracterizada pelo sentimento de “estar só” e sim passou
para o sentimento de “sentir-se só”. Hoje a solidão está entre as massas.
Observa-se, cada vez mais, homens e mulheres bem sucedidos profissionalmente,
mas, solitários e infelizes.
Costumo dizer que a pior
solidão é aquela vivida a dois.
O campo das relações está
minado de solidão. Ninguém mais encontra tempo de ouvir o outro, é cada um por
si e Deus por todos. A sensibilidade, tão necessária para um relacionamento
saudável, encontra-se relegada ao esquecimento.
Talvez isso explique a
instantaneidade dos rompimentos. As pessoas agem e se envolvem por impulso, por
carência. Na primeira crise, a casa cai.
Relacionamentos
relâmpagos, crises existências, fugas, e, lá vem ela: a solidão.
É preciso preencher nossos
“vazios”, estaremos aptos a viver a dois quando conseguirmos estabelecer um bom
relacionamento com nós mesmos. Muitas pessoas mal suportam a si mesmas, como
poderão suportar a outros, aos defeitos do outro.
Amar a si próprio é o primeiro
passo rumo a uma vida mais plena de sentido e mais distante da solidão.
(Cassiane Schmidt)
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Amigo fiel
É difícil definir a palavra amizade,
muito mais difícil é provar o gosto doce da fidelidade. Hoje, especialmente,
venho falar de grandes amigos. Os amigos mais verdadeiros que conhecemos sobre
a terra, eles desconhecem dinheiro, fama, poder.
Eles simplesmente amam
incondicionalmente, ficam ao nosso lado em qualquer situação. A única coisa que
eles esperam é um afago, um carinho. Creio que o leitor já identificou, pelas
características acima, de quem estou falando: os cães.
Isso mesmo, os nossos queridos
amigos de todas as horas. Os cães possuem o segredo da verdadeira amizade, eles
dispõem de uma capacidade superior à humana, a capacidade de amar
incondicionalmente, de permanecer inabalável em seu afeto.
George G. Vest, ex-senador americano
escreveu um tributo aos cães, recortei um trecho que diz: “… O mais altruísta dos amigos que um homem
pode ter neste mundo egoísta, aquele que nunca o abandona e nunca mostra
ingratidão ou deslealdade é o cão”.
Muitas histórias narram eventos onde
os cães salvaram seus donos da morte, salvaram-se uns aos outros. Ainda ontem
vi uma reportagem onde um cão salva seu filhote do afogamento, simplesmente uma
imagem tocante! Esses anjos de quatro patas merecem todo o nosso respeito, toda
a nossa admiração. Temos muito que aprender com eles, muito mesmo!
Quem de nós recebe com tanto fervor
nossos familiares quando eles retornam a casa, depois de um longo dia de
trabalho? Quem?
Se eu pudesse definir o conceito de
felicidade, eu diria que a felicidade é o lugar onde o amor nasce e desaprende
a morrer. Esse tipo de amor mora nos cães.
Se abríssemos espaço teríamos
inúmeros e comoventes relatos de experiências entre cães e seus donos,
histórias dignas de cinema!
Por isso, fico devastada (acredito
que essa é a palavra que melhor define meu estado) quando presencio cenas de
maus tratos aos cães, e a outros animais indefesos. Não sei, ou melhor, não
posso dizer o que penso a respeito desses covardes que maltratam seus cães, que
os abandonam. Irão pagar muito caro os saldos dessa crueldade. Acredito que uma
pessoa que tem a coragem de espancar um animalzinho até a morte, deve ser
punida com severidade, contudo, o mal que se faz jamais será apagado.
Atitudes como essa levantam uma
questão: quem são os verdadeiros bichos?
Vale lembrar a esses desalmados que
maltratam animais que existe lei contra esse tipo de crime: "Artigo 32 da Lei Federal nº. 9.605/98, diz o seguinte: “É
considerado crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais
silvestres, doméstico ou domesticados, nativos ou exóticos”. Pena - Detenção de
3 (três) meses a 1 (um) ano e multa”
As pessoas devem ser conscientes que
o cachorro não é um objeto de decoração no jardim, eles sentem medo, sentem
saudade. Eles precisam de atenção e de cuidados, por isso, quem não puder
cuidar e dar a devida atenção, não deve ter cachorros. Cachorro é coisa séria,
é preciso pensar muito bem antes de adquiri-los.
Felizmente, hoje existem muitas
pessoas e organizações que se mobilizam para proteger e assistir animais
desamparados e maltratados pelos seus donos.
Lembre-se que o amor de um cão é uma
experiência única, por isso, cuide bem do seu cão, pois ele está o tempo todo
cuidando de amar você!
(Cassiane Schmidt)
quarta-feira, 11 de abril de 2012
A aventura de viver
O que nos define plenamente é o
tempo. Somos o espelho dos dias. Sempre haverá dois caminhos, isso é que torna
a existência humana desafiadora. Esses dois caminhos muitas vezes se
transformam em labirintos. As provações fazem parte da grande aventura de
viver.
Osho, filósofo indiano e líder
religioso tem uma excepcional definição de desafio, ele fala de maneira
consciente sobre a aventura da vida: “A
vida só é possível através dos desafios. A vida só é possível quando você tem
tanto o bom tempo quanto o mau tempo, quando tem prazer e dor; quando tem
inverno e verão, dia e noite; quando tem tristeza tanto quanto felicidade,
desconforto tanto quanto conforto...”
Torna-se difícil pensar essas
duas distintas faces da realidade, pois a natureza humana é movida em busca da
felicidade plena, o que, convenhamos, é impossível! Não se trata de um discurso
pessimista, basta que cada um observe sua trajetória e verá que no diário de
bordo de suas vidas, nem tudo foram flores, houve momentos de tempestade, houve
momentos de sol, viver é equilibrar-se na gangorra dos desafios que nos
espreitam por todos os lados.
O diferencial das pessoas que
atingem um nível superior e que conseguem manterem-se felizes e realizadas por
longos períodos está no fato delas saberem tirar proveito do mau tempo.
Aprender com a dor nos fortalece, nos ensina a preservar a felicidade.
A felicidade é indescritível,
desconhece bússola ou mapa, a sinalização de sua presença requer simplicidade,
nunca encontrei felicidade na sofisticação. Para ser feliz é preciso cultivar o
espirito das coisas simples. Simplicidade aqui é sinônimo de conexão,
conectar-se com o mundo através do coração, é viver intensamente momentos
aparentemente banais. Estabelecer vínculos com a natureza simples das coisas
significa amar o próximo, desejar o bem de todos, despojar-se de sentimentos
mesquinhos.
Hoje o conceito de felicidade
está desfigurado, a grande maioria das pessoas associa felicidade ao dinheiro,
posição social. É comum ouvir pessoas que afirmam que só serão felizes quando
tiverem isso ou aquilo, felicidade não é ter, felicidade é a capacidade de ser!
Ser mais gentis, mais solidários, é desenvolver a capacidade de ouvir o que o
outro tem a dizer, saber ouvir é uma virtude da pessoa sábia.
Ser feliz exige que desçamos ao
topo de nossos calcanhares. Não há felicidade que não tenha se banhado em doses
generosas de sofrimento (autoconhecimento) é preciso sofrer para ser feliz? A resposta
está contida na história individual de cada um de nós. Há pessoas que
estacionam no sofrimento e encontram sérias dificuldades de seguir adiante,
enquanto outras conseguem virar a página, seguem adiante construindo castelos
com as pedras que lhes feriram os pés. Viver é seguir adiante, sempre! Até
quando tropicamos somos projetados para frente.
Viver é um eterno recomeçar. A realidade
é contraditória, sabemos, mas viver é isso, é saber dançar a música dos dias, é
ter coragem para tomar as decisões, é feita de acertos e erros. Os erros quando
bem compreendidos, são ferramentas eficazes para o crescimento interpessoal.
Como dizia o poeta Carlos
Drummond de Andrade “Ser feliz sem motivo
é a mais autêntica forma de felicidade.”
(Cassiane Schmidt)
cassianeschmidt@yahoo.com.br
sexta-feira, 30 de março de 2012
O amor têm prazo de validade?
Pesquisa divulgada
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em dezembro de 2008
revelou que o número de divórcios no Brasil subiu 200% entre 1984 e 2007,
segundo dados da pesquisa "Estatísticas do Registro Civil 2007". Em números
absolutos, os divórcios concedidos passaram de 30.847, em 1984, para 179.342, em
2007.
Será que o amor tem
prazo de validade? Acredito que não. Creio que este número crescente de
desenlaces deve-se a uma série de fatores que variam, é claro, em suas
peculiaridades, a velha história “cada caso é um caso”, além do tempo que tratou
de mudar a antiga e tradicional conjuntura familiar.
Mas o fato é que
antigamente os casamentos duravam mais, talvez as mulheres fossem mais submissas
e o divórcio era considerado um ato “vergonhoso” para elas, veja bem, para a
mulher! Os homens tinham uma espécie de amparo moral da sociedade, ele podia
trair, ele podia maltratar sua esposa, ele podia tudo, afinal ele era
homem!
Mas os tempos
mudaram, as mulheres conquistaram seu espaço na sociedade, sua independência
econômica e, isso talvez, tem sido um fator decisivo para elas não se submeterem
mais aos desmandos de alguns maridões covardes e machistas de antigamente! Não
que essa espécie despareceu por completo, ela ainda existe, não é raro
encontrarmos homens que não respeitam e dignificam suas esposas. Mas este não é
um discurso feminista, há também mulheres que não honram, nem tampouco respeitam
seu matrimonio, em tudo há sempre os dois lados da moeda.
É interessante
conversar com um casal lá da década de 50, 60 para ter uma noção de como
funcionava a dinâmica dos relacionamentos. O rapaz se aproximava da guria, os
encontros eram em tardes dançantes que começavam às três da tarde e terminavam
antes que o sol se escondesse atrás do desejo insaciável de permanecer ao lado
da amada (o). O rapaz deixava a moça na porta de casa, isso já sinalizava
compromisso sério, se ele tivesse um cavalo e um terreno, melhor
ainda.
O namoro era em
casa, na casa da moça, no sofá, sob os olhos atentos da futura sogra. Mal se
podia pegar nas mãos. Desse modo o casório era coisa rápida, os noivos tinham
sede de solidão, da solidão a dois, onde os dois eram cúmplices dos primeiros
desejos. Geralmente casavam-se jovens, tinham muitos filhos, e o amor e
romantismo ia cedendo lugar a rotina e ao choro de criança.
A mulher largava-se
aos afazeres da casa e os anos passavam. Nesta época falar em divórcio era
proibido, um palavrão! As mulheres se contentavam com sua vida e achavam que
tudo era assim mesmo.
Hoje não! Hoje as
mulheres impõem sua opinião, não se sujeitam a nenhum tipo de humilhação e a
separação tornou-se fácil e prática, e nem é mais motivo de vergonha. Contudo,
nem um tempo foi totalmente negativo, muito menos esse tempo que vivemos hoje
está sendo totalmente positivo para os relacionamentos, afinal os números
mencionados anteriormente assustam.
Se
antigamente as mulheres toleravam tudo, hoje elas estão pedindo o divórcio na
primeira briga, observa-se um nível elevado de imaturidade entre os casais. Uma
falta de diálogo e uma acentuada dificuldade de enfrentar problemas e crises conjugais. Hoje é tudo ou nada. Quem sofre as
consequências dessa desestabilização familiar são os filhos, que acabam entrando
involuntariamente nos próximos relacionamentos de seus pais.
A estrutura familiar
mudou drasticamente, isso também é um forte fator que desestrutura os chamados
"segundo casamento". Cada um vem com sua bagagem (filhos), o que acaba, na
grande maioria das vezes, gerando conflitos e novas separações.
O assunto é
complicado, dá pano pra manga, mas o amor, o verdadeiro amor não cabe em nenhuma
das situações acima, ele sobrevive às intempéries da vida. Ele não se encaixa em
estatísticas, ele simplesmente vence todos os obstáculos e provações que surgem
no caminho. Por isso, cuide bem do seu amor, pois se ele for verdadeiro, não há
tempo que o faça perder a validade!
(Cassiane
Schmidt)
quinta-feira, 29 de março de 2012
Homenagem
O céu recebeu nesses últimos dias dois grandes talentos:
Ator, humorista e também pintor, Chico Anysio faleceu nesta sexta-feira, dia 23/3/12, vítima de problemas nas funções respiratória e renal, no exato ano em que comemora 65 anos de carreira, uma perda enorme para o país.
Ator, humorista e também pintor, Chico Anysio faleceu nesta sexta-feira, dia 23/3/12, vítima de problemas nas funções respiratória e renal, no exato ano em que comemora 65 anos de carreira, uma perda enorme para o país.
O escritor, desenhista, dramaturgo e humorista Millôr Fernandes morreu na noite de terça-feira (27/3/12), no Rio de Janeiro, aos 87 anos. Ele estava em casa e foi vítima de falência de órgãos múltiplos.
Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Ineficiência das leis
Não me canso de falar, sou repetitiva, pode ser. Mas o fato é que a falta de vergonha e de leis eficientes nesse país me embrulham o estômago. Explico. Estou a falar dos velozes e furiosos do asfalto. Nesta semana mais um caso de um jovem que atropelou e matou um ciclista, o ajudante de caminhão Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos morreu no local. Mas o motorista é nada mais nada menos que Thor de Oliveira Fuhrken Batista, filho do empresário Eike Batista.
Thor, segundo as leis regidas pelo DETRAN, não poderia estar dirigindo, pois tinha registrado em sua habilitação 11 multas e acumulado 51 pontos na carteira de habilitação nos últimos 18 meses.
O advogado da família Batista defendeu-se com argumentos minimamente ridículos, alegou que nem sempre era o jovem quem dirigia o carro, ou que as multas podem ter sido de antigos proprietários do veiculo, ah tá, conta outra, como se o filhinho do homem mais rico do país iria comprar carro usado. Por favor, não subestimem a inteligência do povo brasileiro.
Outro fato que chama atenção é que logo após o acidente, antes mesmo da policia chegar ao local, Thor foi levado pelos seguranças para casa, ou seja, não permaneceu no local do acidente para cumprir os trâmites que uma situação como esta requer, por exemplo, bafômetro!
Somente no outro dia, acompanhado do seu advogado e com cara de santinho, compareceu a delegacia para prestar depoimento. Nem preciso dizer que o moço se declarou inocente e ainda colocou a culpa no pobre do ciclista que, segundo relato de sua mãe, fazia esse trajeto todos os dias, e nunca trafegava sobre a pista.
Mas nesta história quem será o culpado, o pobre ajudante de caminhão que voltava para casa depois de um dia de trabalho ou o Thor, filho do homem mais rico do Brasil?
É lamentável que as leis não tenham a mesma validade para todos os cidadãos, ela varia de acordo com a classe econômica. Assim como o jovem Thor existe centenas de filhinhos de papai atropelando e matando gente inocente pelas ruas, exagero? Ligue o noticiário. O fato é que os pais, são negligentes, passam a mão na cabeça dos bermudões, pagam a fiança, compram delegados, guardas (há exceções) e levam seus filhotes para casa, e tem mais, compram-lhe outro carro novo, não permitem que seus filhos assumam a consequência de seus atos.
Enquanto os pais não imporem limites aos seus filhos, a sociedade corre perigo. Educar é algo indissociável da paternidade, infelizmente, tem muitos empresários que estão mais preocupados em acumular patrimônio, enquanto seus filhos deixam um rastro de destruição por onde passam, ou melhor, voam!
(Cassiane Schmidt)
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Pais e filhos: "Limites sem traumas"
Dia destes estava eu em uma loja de brinquedos, quando pude observar um pequeno que lá estava, não tinha mais que uns sete anos de idade. Ali mesmo na loja, em frente a todos, o garoto ia exigindo de sua mãe uma quantidade sobeja de brinquedos, algo sem limites.
A mãe, uma jovem de uns 19 anos, no máximo, surpreendentemente comprou todos para o moleque, alegando diante do olhar abismado do caixa, que creio nunca ter vendido tanto brinquedo para uma só criança.
- Vou comprá-los, do contrário ele se põe aos prantos!
Fiquei surpresa, e confesso preocupada, com a atitude pusilânime da mãe frente aos desmandos do garoto. Depreendi da lamentável cena, que dias difíceis virão se os pais não estiverem cônscios de sua responsabilidade na educação de seus filhos.
Hoje, a criança recebe uma overdose de brinquedos, e no futuro? do que será a overdose? Quais os sistemas de compensação que irão satisfazer os jovens, quais as mamadeiras psicológicas nas quais estes mesmos jovens irão matar sua sede?
Os limites são essenciais na infância e na adolescência, não falo dos limites castradores, que comprometem o potencial, que prejudique a autoestima, refiro-me aqui dos limites saudáveis, aqueles relacionados aos bons modos, a educação.
Percebo uma geração de pais confusos, apáticos em relação à educação dos seus filhos, vá lá, educar dá muito trabalho! Requer que os pais tirem tempo para conversar, debater, educar verdadeiramente gera conflito, pois o interesse dos pais vai contra os interesses imediatistas e, muitas vezes, irresponsáveis dos filhos.
Já cansei de ouvir pais que alegam não terem tempo para seus filhos, acabam terceirizando a educação do rebento, relegando a responsabilidade aos professores, babás, etc... Em muitos lares pais e filhos mal se enxergam, principalmente nos lares onde dinheiro não é problema, onde os pais sobrecarregam seus filhos de atividades. Vi um entrevista onde uma menina de seis anos de idade relatou estar cansada e depressiva, pois fazia aula de ballet, inglês, natação, e treinava basquete, fora seus compromissos escolares. Isso é um absurdo!
Antigamente, não faz muito tempo, os pais tinham um controle maior sobre a educação do filho, bastava um olhar de reprovação do pai, que a criança já entendia o recado.
Hoje os papeis estão se invertendo, filhos mandam e desmandam nos pais, escravizam seus pais para manterem seu status, são irresponsáveis e, retomo o tema deste texto, “desconhecem limites”. Não estou generalizando, por sorte, às vezes, confesso que raramente, eu encontro jovens educados, estudiosos, que respeitam seus pais e seus professores, esses sim, terão um futuro brilhante pela frente! E o melhor ainda, agradecerão aos pais as “rédeas” que lhes foram colocadas durante a infância e adolescência.
Vou mencionar um dos reflexos dessa inversão de valores, dessa falta de limite que não existiu lá nos primórdios da infância, vou citar um apenas, que está evidente em nossa sociedade, Gaspar enfrenta isso quase todos os finais de semana.
São os acidentes de carro envolvendo jovens entre dezoito e vinte e nove anos de idade, salvo raríssimas exceções, todos os acidentes ocorrem na pós-balada, e a ingestão de bebida alcoólica está presente.
Educar, conscientizar é um caminho que deve ser trabalhado desde a infância, os pais precisam assumir seus postos, dedicar tempo aos seus filhos, pois somente assim, poderemos pensar num futuro mais promissor para nossa sociedade. Limites sem traumas, isso é possível, basta que os pais assumam sua responsabilidade sobre a educação dos filhos; a sociedade agradece!
Cassiane Schmidt
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Fotografia: Cassiane Schmidt
Paisagem: Lulu
Hoje acordei meio dia
Respirei dois goles de saudade
Fechei as cortinas
Quero mudar de cidade...
Sou avessa à rotina
Não gosto dessa coisa de estar sozinha
Solidão não é plural de gente
Se fosse assim as multidões seriam contentes
Quero um prato de flores
Um vaso de terra
Respirar novos amores
Construir uma casa na primavera
Uma cachoeira e uma lanterna.
Ver a noite desfilando vaga-lumes
O barulho da água feito fechadura
Abrindo portas dessa escura caverna.
Abrir as cortinas
Olhar o calendário sem tristeza
Ver lá fora o que não via
Ser um poema esquecido em cima da mesa...
{Cassiane Schmidt}
domingo, 22 de janeiro de 2012
Big Vergonha Brasil
Hoje vou falar sobre o escândalo protagonizado por dois participantes da décima segunda edição do Big Brother Brasil. Em primeiro lugar, gostaria de esclarecer que sinto verdadeiro desprezo por este programa, acho-o de uma baixeza generalizada, uma vergonha!
Não contribui em nada, não há nada que remeta algum tipo de aproveitamento cultural, um programa de moças que exibem corpos esculturais e que não conseguem manter um diálogo decente, muitas delas deveriam procurar um fonoaudiólogo, pois até ouvi-las falar é insuportável. Elas confirmam a minha estatística, 99,9% dessas modelos passam a vida lapidando a casca, enquanto o cérebro vai se atrofiando... Acredito até que um reality show com chimpanzés seria bem mais interessante do que isso que a Rede Globo exibe.
Mas, vamos aos fatos que remeteram ao escândalo. Na primeira festa oferecida aos participantes, houve um incidente envolvendo um rapaz e uma moça, cujos nomes nem vale a pena mencionar.
Depois de tomarem todas e ficarem se (desculpem a expressão) esfregando feitos dois animais, a mocinha e o rapaz, que já estavam “pra lá de Bagdá”, foram pra onde? Pra onde? Pra debaixo do edredom, é claro!
A garota, depois de alguns instantes, aparentemente, “apagou”, mas, o rapaz estava muito aceso e, segundo alguns espectadores que acompanharam tudo pela tevê fechada e pelas cenas amplamente divulgadas e exploradas pela emissora de Televisão Rede Record, que, diga-se de passagem, possui um programa semelhante, dão conta de que ele teria supostamente abusado sexualmente dela enquanto ela dormia. (pobrezinha)
O fato caiu nas redes sociais feito um estopim e o rapaz foi expulso do programa, o motivo alegado pelo Pedro Bial foi: “ele foi expulso do programa por conduta inapropriada”. Menos Bial, menos!Quem deveria ser expulso do programa deveriam ser os organizadores que armam uma arena medieval, confinando um bando de jovens, disponibilizando bebida “à lavonté”, edredom e liberdade. O resultado não poderia ser outro.
Todas as evidências apontam que ela consentiu e até instigou o jovem durante toda a festa para o ato libidinoso, por isso, o fato, do meu ponto de vista, foi consensual, ambos embriagados, foram para debaixo do abominável edredom das trevas. Óbvio que o ato cometido por ele, se é que a bela adormecida dormiu mesmo, é condenável e ele deve responder pelo que fez. Contudo, ela também deveria ser expulsa do programa, pois também manteve conduta inapropriada.
Mas, por que será que ela ficou? Simples de entender:no dia seguinte a mocinha acorda com a cara da Madre Tereza de Calcutá, diz que não se lembra de nada, deixa o rapaz em maus lençóis, levando-o a ser expulso do programa e ela passa por vítima.
Nesta semana, o apresentador Bial, com a cara mais lavada do mundo, inicia o programa afirmando que a jovem afirma que não houve nada demais, que tudo não passou de um mal entendido. Mas cadê o rapaz? Se nada aconteceu, se tudo foi consentido, por que ele foi expulso?
A Rede Globo comprou o silêncio da jovem em troca de sua permanência na casa, pois se ela representasse o caso perante a justiça o programa sofreria sérias consequências... Ela fica, ele sai, tudo continua igual. Nenhum dos participantes toca no assunto! A Rede Globo dá um cala boca geral na rapaziada, assunto encerrado. E, assim, os heróis do Pedro Bial continuam sua mais ridícula saga pela tevê.
Plim...Plim
(Cassiane Schmidt)
Natal
Escrever sobre o tema “Natal” é difícil e, convenhamos, mesmo ocorrendo uma vez só ao ano, os discursos natalinos acabaram se tornando piegas, repetitivos. Por isso, quando nos é solicitado escrever uma crônica sobre o natal, passa um turbilhão de dúvidas do que escrever.
Estou cansada de papais-noéis com a barba desfeita, desfilando em limusines, dos papais-noéis estressados que são obrigados a ficarem horas sentados numa cadeira dum Shopping Center.
O melhor Papai Noel é aquele que mora em nossa imaginação! (De preferência em nossa imaginação de criança)
Encontrar a fórmula exata, que seja capaz de fisgar a atenção dos leitores e, principalmente, tocar um Jingle Bells em seus corações é quase impossível, diante de um dezembro tão desfigurado pelo consumismo.
Quando eu era criança eu colocava um sapatinho no beiral da janela na noite que antecedia o natal, onde o Papai Noel deixava um presente. “seja rico, ou seja, pobre, o velhinho sempre vem... (vence?)” lembram-se dessa cantiga?
É claro que havia o discurso da mãe: “O Papai Noel só vem se você for uma boa menina, se não ficar em exames na escola, se comportar-se”. Morro de saudade desse tempo, contudo, as recomendações somente eram colocadas em pratica, confesso, em meados de novembro, quando a figura do Noel era mais presente e o bom comportamento se fazia mais urgente.
Natal tem a ver com tempo, quando era criança esta ocasião era uma eternidade, hoje, tornou-se um relâmpago! Os meses cavalgam apressados sobre as horas e dezembro está sempre ali, nos observando.
Não sei de vocês, mas para mim o mês de dezembro é o mês mais difícil do ano. Por quê? , porque ele nos empurra para a reflexão, fecha uma porta entulhada de memórias e abre outra cheia de esperanças, e incertezas, também.
Para nós, pobres mortais, digerir o passado e lidar com as angústias que o futuro guarda, não é tarefa fácil.
Natal também é luto, porque mais cedo ou mais tarde, alguém desaparece da mesa, uma cadeira vazia, um coração triste, uma vela que se apaga, um presente a menos embaixo do pinheirinho.
Luto não é feito apenas de morte, mas da ausência emocional de alguém que amávamos tanto e que não pertence mais ao nosso contexto.
Olhando pra tras, encontrei uma crônica natalina que escrevi para o Jornal Cruzeiro em dezembro do ano de 2007, onde eu dizia que o mais importante: “Não são os presentes que ganhamos, mas, as pessoas que estão junto de nós. Não é a ceia farta de natal, é a mesa cheia, cheia de gente...”.
Mas, tudo bem, nem tudo são perdas, o passado é especialista em construir paredes, para muito nós este Natal será uma ocasião de olhos vermelhos, de coração saudoso, de novidade, de ausência.
Este ano não vou acender velas, nem fazer pedidos, meu pinheirinho de natal estará enfeitado de casulos!
(Cassiane Schmidt)
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