Brilha o sol nos olhos de Maria
Em sua boca deságua todo o mar
Até a tarde se está sombria
Quando ela passa, volta a brilhar
Quando ela passa pela rua
Todas as janelas se abrem
Tudo a volta dela se desfigura
Meus olhos em mim já não cabem
Minhas tardes são de Maria
Fiz promessa a todos os santos
Se um dia ela for minha
Cobrirei seu rosto com um manto
E ninguém jamais participaria
Da beleza da minha amada
Pois sendo minha
Viveria em meus braços
Para sempre enclausurada
Teve um dia que ela não passou
Outro também não
Será que alguém à levou?
Será de outro seu coração?
A rua sem ela ficou de luto
Eu insistia todos os dias
Buscava em outras faces seu vulto
O sorriso de Maria...
Guardo a imagem dela
Dentro de cada segundo
E nunca mais minha janela
Viu um anjo mais lindo no mundo...
Teve o dia que a janela se abriu
Foi o vento da noite
Foi um vento de frio...
Um aviso de morte!
Abriram-se os portões do cemitério
Com tristeza encontrei minha amada
Em sua volta o canto funéreo
Em mim, uma alma inconformada
Na laje fria, com os olhos fechados
Estava Maria em sono profundo
Dos céus soava um canto sagrado
...Menos um anjo neste mundo...
Junto de minha amada
Foi-me toda a alegria
Janela fechada,
Maria...
(Cassiane Schmidt)
Poema inspirado no poema “Quando Ela Passa” do imortal Fernando Pessoa. Confiram
( http://www.revista.agulha.nom.br/fpessoa334.html), considero o melhor poema deste Senhor das letras...
Um comentário:
Oi, Cassiane!
Uma esperança, um suspiro, uma saudade, um desecanto... Lindo e triste poema!
Bjos
Socorro Melo
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