Tempo de Recomeçar

Tempo de Recomeçar
"Essa história vai emocionar você"

sábado, 22 de dezembro de 2007


Encontro, encontre-se...

Depois do desconforto de ficar por longas horas, dias, meses, anos, sem as bases do auto-conhecimento, sugiro experimentarmos abrir as portas desse porão empoeirado, fazer uma faxina na Casa do eu. Você conhece essa casa? Eu ainda não! Pergunta-me, ainda não conheces? Respondo-te: não. Essa casa é grande, nela há muitos labirintos, armadilhas e alçapões.... Mas é preciso começar a descobri-la.
Descer as escadas não e fácil, olhar no espelho, quebrar a velha taça de vinho, de sangue. Falo em descer com a intenção de lembrar que a escala de tempo aqui é decrescente, sempre. Haja vista que estamos numa expedição em busca de nós mesmos, a bússola para não se perder é a coragem.
Imaginem uma parede pichada, varias cores, formas, todas disformes, incompletas e confusas, assim somos nós na maioria das vezes.
O desconhecimento da origem das tendências, dos gostos e desgostos, nos tornam vulneráveis ao tirano que há, pasmem, dentro de cada um nós, não há fera mais impiedosa do que a bestialidade de não saber quem se é.
E preciso coragem para sair de casa, de dentro, de olhar para dentro, sem medo, sem pudor, sem rancor, sem hipocrisia.
É preciso descer as cavernas do interior, escalar delicadamente nossas emoções, e principalmente, nossas reações.
É preciso coragem para encontrar velhas pessoas, desfazer quadros psíquicos doentios, perdoar, arranhar as lembranças, fazer sair o sangue da magoa estancado na epiderme mais profunda. Uma viagem pelo passado, descobrir onde nos perdemos, onde aprendemos a não nos amar, visitar a casa de bonecas da infância, olhar-se profundamente, um estado de contemplação profunda e solitária.
Sair do conforto para o desconforto do auto-enfrentamento, uma procura pelos arquivos secretos do tempo, os maiores arquivos a nosso respeito encontram-se na família, abrindo o arquivo familiar isento de julgamentos medíocres ter-se-á acesso a nossa literatura, aquela que delineou parte, grande parte do que somos hoje, do que acreditamos Ser.
Vai, abre sem medo! Chore, ria, mas jamais sinta piedade de você, a auto piedade enfraquece as pernas nesse caminho, que é por demasiado longo. Não desista siga em frente, sei que alguns espinhos far-te-ão doer os pés, mas siga. Passe pelo jardim, pise no lodo sem medo de sujar os pés, é necessário coragem para rever velhas figuras, velar e enterrar velhos ídolos talhados ingenuamente. Destarte, como num trem fantasma, passaremos pela escuridão, lapsos de luz, gritos de dor, sorrisos histéricos, até chegar à superfície. E, então cansados, afogados dentro de nós, sairemos mais fortes, mais conscientes, aprenderemos a aceitar nossas limitações, sem auto piedade, mas (Com-paixão) o caminho de volta para casa ficara mais fácil. Lembre-se nada de julgamentos, simplesmente ame sua história, pois agora voçe ja a conhece.


(Cassiane Schmidt)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Considerações...

Abrem-se os portões, os portões do novo ano – péssima metáfora- penso, imagino que muitas idéias, vícios, amores, dores irão conosco para a nova fase, muitas ficarão para trás. Uma espécie de velório silencioso, onde sepultamos dolorosamente o que não cabe mais, perscrutamos o intimo da alma e, despedimo-nos de parte de nós, mata-se um pouco de nós mesmos para poder manter-se vivo.
Sinto uma nostalgia boba nesta época de natal, uma enfadonha alegria descontente, uma espécie de paz desconfortável.
Hoje embrulhei os presentes dos meus, muito mal embrulhados por sinal, sou péssima embrulhadora (juro que imaginei que o Word ia me corrigir, mas acho que a palavra embrulhadora existe) Aurélio, o que me diz?
As considerações deste ano que se vai, não são de todo ruins para mim, aliás penso ter avançado muito em alguns sentidos, e regredido um pouco em outros, somos aprendizes de uma escola sem mestre, precisamos ordenar-nos por força e fé, o que não é fácil, mas necessário.
Em termos de ordenação creio precisar ler mais, como numa Santa Ceia Sagrada, preparar a mesa com um banquete literário satisfatório, leio pouco e mal!
Agradeço a Deus pelas infinitas bênçãos que tenho na minha vida, as pessoas que me apóiam e me amam verdadeiramente.
Meu pedido de Natal é paz para as crianças, que todas possam ter sua infância preservada, a infância é espécie de terreno fértil onde plantamos nossos sonhos, portanto, nosso futuro. Percebo como minha infância contribuiu para minha formação, lembro-me da coleção de livros que minha “sábia Mãe” comprava, eu os devorava, amava, como é importante esse primeiro contato dos pequenos com o livro. Faço um adendo aos pais, presenteiem seus filhos com livros, é fantástico o resultado.
Alguém outrora me perguntou sobre um sonho oculto...
Resposta:
Sonho para um dia: tomar café da manhã com Fiódor Mikhailovich Dostoiévski, almoçar – se ainda eu conseguir-com Sócrates, tomar café da tarde com Heidegger e, adormecer embriagada nos braços de William Shakespeare.... Acordar com o Adolfo....mas não o Hitler, juro.

Sem mais.

(Cassiane Schmidt)