Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Transparência e fiscalização


A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, na véspera de abrir a Assembleia Geral da ONU, que ocorrerá nesta quarta-feira (21/9/11) em Nova York, diga-se de passagem, ela é a primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia, participou no dia 20/9/11 no Waldorf Astoria Hotel, em Nova York, da cerimônia que foi marcada por um debate do grupo denominado Parceria para Governo Aberto.
O bloco engloba 60 países, dispostos a discutir e executar políticas públicas transparentes. A proposta é excelente, já existe, inclusive, um portal onde o cidadão brasileiro pode acessar e acompanhar a movimentação financeira do país, mas as ferramentas virtuais são limitadas. Temos muito que avançar. Contudo, a pergunta que fica é: será que mesmo diante de ferramentas tecnológicas moderníssimas, que permitissem que acompanhássemos “tudo” o que acontece no nosso país, será que mesmo assim, o cidadão se interessaria em acompanhar? Em fiscalizar? Tudo indica que não!
Explico porque, o recente movimento de Protesto contra a corrupção foi um fracasso, um dia antes do protesto, 594 vassouras foram fincadas na areia da praia de Copacabana, em sinal de protesto contra o desvio de verbas públicas, ontem (20/9/11) foi à vez de pouco mais de 2 mil pessoas, segundo cálculo da Polícia Militar, participarem da Marcha Contra a Corrupção na Cinelândia, no centro da cidade. Aí fica difícil não se lembrar das 4 milhões de pessoas que estiveram presentes na edição de 2011 da Parada do Orgulho Gay, das milhares de pessoas que se reúnem no carnaval.
 
Alguns sonhadores ainda estufam o peito e dizem: é preciso conscientizar os jovens, pois eles são o futuro do nosso Brasil! Pobre Brasil...
Os jovens, a maioria está pouco se importando com a corrupção, para a “maioria” deles, Brasília é um planeta à parte, a corrupção não ultrapassa a bela arquitetura do planalto e o que importa é muita festa e Rock and roll e que se dane o país.
Transparência e fiscalização, essa dupla é possível, mas para que isso aconteça, precisamos de uma overdose de educação, caso contrário o que nos restará será as mazelas da corrupção!



(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Escrever, mas o quê?


Dizem que todo escritor um dia passa pela ausência de assunto. Bate o famoso branco, aquela inércia que impede o nascimento do texto. Fernando Sabino retrata bem essa angústia em sua memorável “A última crônica”, lá o famoso cronista desabafa: “A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida”.

A crônica geralmente nasce de forma involuntária, é necessário estar atento ao mundo à nossa volta, sensibilizar-se com o comum é um bom começo para o surgimento da escrita. O cronista pode ser considerado o fotógrafo do cotidiano, ele lança o olhar para fora de si e busca a essência de uma imagem, de uma cena, enfim, tudo que seu curioso olhar consiga alcançar. Depois disso, tem o escritor a tarefa de traduzir em palavras aquilo que, com sorte, tocou-lhe o coração.  

Foi num final de tarde escura, chuvosa e fria que uma singela imagem fez-me refletir. De dentro do carro, observei do outro lado da rua, o desembarque de estudantes do ônibus escolar. Crianças descendo apressadas e alegres caminhavam em direção às suas casas. Havia esperança em suas mochilas escolares, repletas de livros e sonhos.

Ao som alegre daquela inocente falação, que sempre há entre os pequenos, tudo parecia ser melhor, até o aspecto sorumbático da tarde cedeu lugar a sensação de esperança. Então, por alguns instantes, percebi o quão distante sou ou estou da criança que fui. Pude sentir o cheiro doce da infância esvaindo-se nos braços do tempo. Aquele viço, aquela energia e inocência brincam de passado em minhas memórias.

Percebo, com certa melancolia, que quanto “maiores” somos, menor se torna a nossa capacidade de percepção da felicidade. Dá impressão que os “adultos” criam muitas regras para serem felizes, enquanto para as crianças ser feliz é uma regra.

São as crianças, nesse sentido, verdadeiros mestres na arte de viver bem. Arrisco dizer que elas são felizes não porque desconhecem a tristeza, mas porque sabem esquecê-la com facilidade, porque conseguem se libertar do passado, não pensam no futuro e vivem intensamente o presente!

Muitas lições nos ensinam esses seres encantados, que são capazes de amar indistintamente, que desconhecem sentimentos como ódio e rancor. Nós, adultos, precisamos voltar a respirar como as crianças, a encarar problemas e rupturas com o coração leve, jamais perder a esperança e, principalmente, viver o presente.

Penso que as crianças estão sempre felizes, porque elas possuem a capacidade de atribuir sentido a tudo, jamais desanimam diante da dificuldade. Ah, deu uma vontade de colocar as mochilas da esperança nas costas e voltar a ter a sabedoria de uma criança!

Cassiane Schmidt