Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

domingo, 29 de abril de 2012

Solidão...


Já dizia o saudoso Renato Russo “O mal do século e a solidão”. Concordo. A sociedade passou por intensas transformações. Costumo dizer que o século XX marcou os grandes e rápidos avanços da humanidade. Entramos neste século a cavalo e saímos de avião.

Tanta informação e transformação respingaram, não poderia ser diferente, nos relacionamentos humanos. A solidão é a grande vilã do contexto em que vivemos. Em meio a tantos avanços tecnológicos e condições melhores de vida, surge um novo modo de vida: o isolamento.

Estamos nos isolando uns dos outros. Criando diques de contenção para nos proteger do mundo. O individualismo é uma característica marcante do novo contexto.

Pais cada vez mais atarefados e sobrecarregados pelo excesso de trabalho, mal encontram tempo para seus filhos. Os filhos, também com excesso de informação e uma gama de opções para passar o tempo, acabam perdendo de vista o foco de suas vidas.

Antigamente, (sei que essa frase soa clichê, mas é preciso retomar exemplos) os filhos nutriam uma relação mais próxima com seus pais, os pais repassam princípios e valores para os filhos, que eram muitos. Hoje, pais e filhos, maridos e esposas, mal se conhecem. Não tiram tempo para se conhecerem.

O ritmo da vida frenética assumiu as rédeas da convivência e a saúde nos relacionamentos adoece. É comum acompanhar depoimentos de pais que ficam surpresos ao descobrirem que o filho é um traficante, assassino. Vi um depoimento de uma mãe que ficou em choque quando seu filho foi preso, acusado de assassinato e formação de quadrilha. Os pais não prestam mais a devida atenção ao seu rebento.

Pergunto-me, como uma mãe não conseguiu observar que havia alguma coisa de errado no comportamento do filho? Esse é apenas um dos inúmeros casos em que a família não se dá conta do que esta acontecendo em seu entorno. É nessa conjuntura solitária dos tempos hodiernos que as pessoas sobrevivem.

A solidão ganhou uma cara nova, ela não é mais caracterizada pelo sentimento de “estar só” e sim passou para o sentimento de “sentir-se só”. Hoje a solidão está entre as massas. Observa-se, cada vez mais, homens e mulheres bem sucedidos profissionalmente, mas, solitários e infelizes.

Costumo dizer que a pior solidão é aquela vivida a dois.

O campo das relações está minado de solidão. Ninguém mais encontra tempo de ouvir o outro, é cada um por si e Deus por todos. A sensibilidade, tão necessária para um relacionamento saudável, encontra-se relegada ao esquecimento.

Talvez isso explique a instantaneidade dos rompimentos. As pessoas agem e se envolvem por impulso, por carência. Na primeira crise, a casa cai.

Relacionamentos relâmpagos, crises existências, fugas, e, lá vem ela: a solidão.

É preciso preencher nossos “vazios”, estaremos aptos a viver a dois quando conseguirmos estabelecer um bom relacionamento com nós mesmos. Muitas pessoas mal suportam a si mesmas, como poderão suportar a outros, aos defeitos do outro.

Amar a si próprio é o primeiro passo rumo a uma vida mais plena de sentido e mais distante da solidão.



(Cassiane Schmidt)