Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

quarta-feira, 5 de março de 2008

Pais e filhos

Dia destes, estava eu em uma loja de brinquedos, pude observar um pequeno que lá estava, tinha não mais que uns sete anos de idade.
Ali mesmo na loja, em frente a todos, o garoto ia exigindo de sua mãe uma quantidade sobeja de brinquedos, algo sem limites.
A mãe, uma jovem de uns 19 anos no máximo, surpreendentemente comprou todos para o moleque, alegando diante do olhar abismado da caixa, que creio nunca ter vendido tanto brinquedo para uma só criança,
- vou comprá-los, do contrário ele se põe aos prantos!
Fiquei surpresa, e confesso preocupada com a atitude pusilânime da mãe frente aos desmandos do garoto.
Depreendi da lamentável cena, que dias difíceis virão se os pais não estiverem cônscios de sua responsabilidade na educação, na formação de seus filhos.
Hoje, a criança recebe uma overdose de brinquedos, e no futuro do que será a overdose? ...
Quais os sistemas de compensação que irão satisfazer os jovens, quais as mamadeiras psicológicas das quais irão se saciar?
Os limites são essências na infância, falo não dos limites castradores, que limitam o potencial da criança, que comprometem sua auto-estima, mas do limites saudáveis, aqueles relacionados aos bons modos, a educação.
Percebo uma geração de pais confusos, apáticos em relação à educação dos seus filhos, vá lá, educar da trabalho!!! Os pais estão deveras ocupados, uns ocupados em manter padrões sociais escravizadores, outros preocupados em se convencer que um filho não é algo tão sério assim.
Investir na educação dos filhos é, sem dúvida, o melhor empreendimento que se pode fazer, do contrário não os tenham, os filhos.
A sociedade agradece!!!
Assim me parece....
(>¨<)

domingo, 2 de março de 2008

A travessia



Fazia frio lá fora, era Julho de um ano perdido no tempo, mas não esquecido. Relâmpagos, trovões de um deus em fúria, produziam clarões nas velhas janelas. Todos haviam saído, eu estava só, a casa vazia, tão cheia de nós. Era uma menina ainda, me apeteciam os belos romances, histórias de amores impossíveis, que pensava existirem somente nos livros.
As fortes chuvas anunciavam uma enchente na pequena cidade, todos estavam as voltas com os avanços do rio. Para mim nada importava, meu coração transbordava, assim como as águas buscando abraçar o vazio.
Bastava um único sinal teu para que eu molhasse meus pés, numa noite sinuosa, de breu. Recebi teu chamado, desci as escadas, as águas já invadiam o jardim, nada temi. A fé que acalanta o coração dos amantes alimenta o destemor, joga lenha na fogueira do amor.
Corri como louca pela rua deserta, era eu, a chuva e o nosso amor, todos me guiando numa noite de horror. Sentia meus pés tocando as águas na estrada, a água estava fria e suja, meu corpo parecia congelar.
Você estava do outro lado do rio, havia uma ponte, era só eu atravessa - lá, que estaria junto a ti, no que seria uma noite sem fim.
Ao chegar à cabeceira da ponte avistei do outro lado um leão faminto, querendo a tudo devorar. Atrás do leão vi a saudade, louca em prantos dando chiliques na escuridão. Um pouco além vi o desejo, ensaiando ensejos num encontro de mãos. Finalmente mais adiante te avistei, embalavas nosso amor nos braços, protegendo-o das feras da escuridão.
A trilha sonora deste encontro era o forte barulho das águas, pareciam querer a tudo levar...
A ponte estava ali, sob o teu olhar aflito, e na indecisão dos meus pés em prosseguir.
Dei o primeiro passo, você disse: não!
- vá embora princesa, nosso amor segue a via crucis destes vilãos, quero-te viva, nem que seja repousando em outro coração.
Recuo um pouco, e grito rasgano o véu da noite:
- Que importam as pontes encharcadas, a ameaça de feras sorumbáticas, as chuvas duma noite sem fim, quando se sabe que um verdadeiro amor desconhece fim, adormece na noite de trevas para acordar num belo jardim.


( Cassiane Schmidt)