Na página
Leito de letras
Páginas palavras nuas
Amoras frescas
Degustam hálitos de manhãs
Poesia e mel flutuam sobre a mesa
No escuro da página
Linhas versos aportam destinos
Margens letras e rios deságuam
Na página aberta em caminhos
A palavra na página lavra
Dedos e poros cansados
Horizonte míope
Braços de ausência devorados
Páginas janela no vento pó da escrita
Onde a mão desmaia na página
O que o coração grita!
Letras atacam feito lobos famintos
A página virgem alva
Paz consumida em íntimos recintos
Onde o escuro vazio acalma
Terra distante fora de alcance
Trem fora dos trilhos,
Linhas devorando gritos
Na página a paz é um mito!
(Cassiane Schmidt)