Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Resultado Oficial da I Seletiva (Concurso) para a Edição da Coletânea Século XXI

A PoeArt Editora de Volta Redonda RJ, institui a I Coletânea Século XXI (depois do sucesso das Antologias Poéticas de Diversos Autores, Vozes de Aço I, II, II, IV, V e do livro Cardápio Poético), para premiar autores de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, amadores ou profissionais, somente residentes no país, na categoria: Poesia, em língua portuguesa, tendo como objetivo principal à descoberta de novos autores e o intercâmbio cultural entre os participantes.
Vendo a excelente qualidade dos trabalhos, A COMISSÃO julgadora decidiu premiar cada um dos dez autores (os 5 primeiros e as 5 menções honrosas) com a publicação da devida poesia premiada sem ônus e enviar 3 exemplares do livro como direitos autores pra cada um.


Antonio Lycério Pompeo de Barros – Brasília – DF
(Primeiro Lugar – Soneto: Pequenez Humana)
Cassiane Schmidt da Silva – Gaspar – SC (Primeiro Lugar – Poesia: Ponto Final)


As cinco Menções Honrosas*:

Adahir Gonçalves Barbosa – Pinheiral – RJ (Menção Honrosa – Poesia: Abraçando o Mundo)
adahirgb@superig.com.br
Amalri Nascimento – RJ (Menção Honrosa – Poesia: Acordes de Chuva) - amalrinascimento@gmail.com
Duílio Henrique Kuster Cid – Vitória – ES (Menção Honrosa – Poesia: Aquilo que se perdeu)
Lílian S. Porto – Niterói – RJ* (Menção Honrosa – Poesia: Amar – Fiando Vida e Morte)
Poliane Andrade de Oliveira – Muriaé – MG (Menção Honrosa – Poesia: Em revoada pelo Brasil)
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Poema premiado
Ponto Final
O tempo escala os ponteiros do relógio
Maldito Tic-tac
Outro dia nasce


O dia nascido é uma página virada
Tantas vírgulas, muitos pontos finais
Sintaxe difícil das horas
Singular vencendo plurais,
: solidão

Tantos sentimentos conjugados
Em todos os tempos
: passado.

As manhãs da infância me beberam toda
Jamais me recuperei
Os goles daquelas manhãs coloridas
: ressaca

O tempo costurou a alegria de menina
Vivo costurada de lembranças
De tudo o que foi
: infância


A capa do livro é dura
Primeiras páginas, coloridas
As últimas, escuras.

Ponto final



Cassiane Schmidt

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Inscrição Prêmio SESC de literatura 2009!

O resultado do prêmio SESC de literatura será divulgado em fevereiro de 2010!

Tempo de Recordar foi a experiência mais intensa no mundo da escrita vivida por mim, dediquei incontáveis horas a este romance, que lá pelo capítulo 50, desisti de contabilizar.

Coração a mil, ansiedade projetada na certeza que o desafio é grande, MUITO grande, praticamente impossível, mas é preciso sonhar...assim como eu sonhei noites e noites com os personagens que nasceram através de mim. Eles se tornaram tão reais, que acabei sentindo falta deles, quando o último capítulo do livro chegou.

Chorei e sorri junto com meus personagens, eles me conduziram ao seu próprio destino, muitas vezes o personagem torna-se o próprio escritor, têm voz! Muitos destinos foram involuntariamente modificados pelos próprios personagens, parece loucura, mas com alguns deles foi assim. É tão mágico quanto complexo escrever um romance.
Me desesperei, quase enlouqueci, chorei, fiquei empolgada, surtei, quase desisti, escrevi feito louca, apaguei muito, reescrevi, continuei...

Escrever um livro é muito mais que amontoar pessoas e fatos numa seqüencia nem sempre lógica, é, sobretudo, o desafio de injetar (emoção, alegria, tristeza, sorrisos, lágrimas, humor, etc) em folhas com páginas, fazer pulsar o coração de quem lê, tudo na dose certa.

Tive uma relação de profundo respeito com cada personagem que criei, eles tornaram-se parte da minha vida. Não sei se isso é certo ou errado, ingenuidade de escritora iniciante ou o quê, apenas sei que para mim foi assim, uma relação intensa com meus adoráveis personagens.

Chorei a morte e o nascimento de muitos deles. Tive que ter coragem para me despedir de alguns, e a coragem de ficar com outros. A humildade de aprender com eles, de crescer altruisticamente com eles.
Mas não é só isso, é muito mais, tantos mais implicam no êxito de escrever um romance, que chego a me acovardar diante do resultado!

Não sei se cumpri algum desses requisitos, talvez o tempo dirá, talvez não...
Tive ganhos, ganhos incalculáveis quando decidi escrever Tempo de Recordar, independente de resultados externos, sou vencedora no silêncio calmo que a sensação da autorrealização produz em mim.
* * * * * * *

Sonho




Sonhei que havia morrido
Acordei morta, sentindo-me viva num outro mundo.
Despertei num pequeno quarto com muitas janelas, não havia nada nele
além de uma pequena escrivaninha com um pedaço de papel e uma
caneta gasta de mim.
Olhei pelas janelas, avistei um jardim surreal, nem feio nem bonito,
apenas estranho.
Um longo varal estendia-se a perder-se de vista nas planícies verdes azuis
daquele lugar.
Penduradas no varal, estavam folhas de papel, suspensas num cordel
gigantesco, feito de cipó, coisas malucas do tipo que só vemos
em sonho.
Ao invés de grampos, eram pássaros multicolores que prendiam as folhas
, os pássaros trocavam cantos, esculpiam asas no vento,
perfumavam as folhas com poléns de flores virgens.
Aproximei-me do imenso varal, recolhi, curiosa que sou, uma das folhas
ali suspensas. Tratava-se de letras, todas elas misturadas.
Eram lindas letras, que se depreendiam do papel, umas caiam por terra,
outras ganhavam o céu. Teve uma que vi voando nas asas do pássaro,
teve uma que vi chorando num ponto final.
Teve letra abraçada, hifens rendidos, parágrafos sublimados em diálogos
perdidos.
De repente uma letra debruçou sobre meu olhar, emudeci num grito
surdo, ao sentir uma delas em meu coração se acomodar.
Não entendi, apenas assenti ao estranho e jamais sentido.
Não quis acordar antes de entender...
Havia seis horas penduradas no relógio, quando despertei do sono com o
cheiro de café sobrevoando a cozinha, esticando-se até o quarto.
Sobre meus braços repousava um livro do Pessoa, que até em sonho nos faz mais gente!
Antes do café, antes de começar o dia, depois de desisitir de entender, um pouco mais de poesia!


Cassiane Schmidt
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Haikai do texto Sonho (Por Isnelda Weise)

um jardim noutro mundo
onde pássaros perfumam
a vi(n)da das letras