Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Oito anos

Hoje acordei ancorada em árvore
Com os lábios salivando antigos frutos
Acordei com oito anos de idade
Nos braços do meu velho mundo!



Os antigos ladrilhos da estrada
Recebiam resignados minha alegria
A noite parecia uma dama encantada
Festejando sua vitória sobre o dia



Me vi toda colorida
Com os pés misturados ao chão
O futuro é triste partida
Caminho inevitável de toda direção

 

Meu coração amanheceu feito varanda aberta
Onde pousam as aves do sul
O horizonte é apenas uma linha reta
Pra quem só enxerga o azul...



As velhas árvores misturavam
Frutas, céu e crianças
Os generosos galhos abrigavam
Em tons verdes a infância...



O velho balanço nasceu em cordas
Acordando antigos ventos
Na vida o que realmente importa
É a eternidade que sobrevive ao momento



 
{Cassiane Schmidt}

terça-feira, 12 de abril de 2011

Marcas da violência

Mais uma lamentável tragédia sacode o Brasil. Dessa vez, um crime inusitado, pelo menos pra nós aqui das terras tupiniquins.

O massacre ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio, no dia 7 de abril, parece mais uma adesão da moda dos massacres escolares; uma estúpida importação trágica de costumes dos paises de “primeiro mundo”... (?)

Wellington Menezes de Oliveira protagonizou a cena de terror ocorrida na escola de Realengo.

Muitas perguntas e poucas respostas conseguem explicar o que leva um jovem, aparentemente inofensivo, a praticar uma barbárie dessas.

O que assusta é saber que Wellington possuía porte legal de arma, frequentava um clube de tiro, não possuía precedentes policiais e não aparentava ser violento; comportamento típico dos psicopatas. O problema é saber que existem muitos psicopatas soltos por aí, prontos para armar um bang-bang pós-moderno.

Cabe refletir que os inocentes, as vitimas dessa tragédia são frutos de uma sociedade alimentada por uma cultura excludente e narcisista.

Algumas informações dão conta de que Wellington foi vítima de bulliyng na escola; talvez, venha daí a escolha pelo local onde ele decidiu “extravasar” seus demônios.

Essa uma questão complexa e merece ser estudada com respeito, mas o fato é que outros exemplos de jovens que cometeram atentados semelhantes, tinham, na grande maioria, sido vítimas de bulliyng na escola; esse trauma associado a características psicopatas resultam numa combinação perigosa.

Após a tragédia de realengo, muitas pessoas começaram a se desfazer das armas que tinham em casa.

Isso nos faz recordar do plebiscito do desarmamento ocorrido em 2005, onde centenas de pessoas, de leste a oeste, de norte a sul do país, em absolutamente todos os estados brasileiros, sem uma única exceção: 63,9% (mais de 59 milhões de votos), contra ínfimos 36,1% (menos de 34 milhões) optaram pelo NÃO ao desarmamento.
Essas mesmas pessoas, agora batem no peito, e de forma “ingênua” culpam “exclusivamente” o governo, aproveitando a tragédia para vomitarem seu desgosto partidário.

É obvio que muita coisa precisa ser melhorada no país, mas a violência sempre esteve presente na sociedade.

O Brasil é um país de dimensões continentais, e será impossível, para qualquer governo, prever quando um desgraçado psicopata, estiver apto a sair de casa para cometer um crime!

E o que falar dos paises de “primeiro mundo” onde esse crime já ocorreu tantas vezes?

O problema está arraigado em nossa cultura, vou mais além, a violência é uma condição humana; o homem é o animal mais violento sobre a terra. A história mostra que o processo civilizatório, que parece não ter chegado ao fim, foi manchado por sangue, muito sangue, consultem os livros de história!

E, cá entre nós, civilidade é uma palavra que parece não definir a convivência humana. Somos atrasados, vivemos abrasados pelas chamas do individualismo doentio duma sociedade prostrada aos pés do capitalismo, uma cultura do “salve-se quem puder”.


Resta o desejo profundo de que as inocentes crianças de Realengo estejam em paz no céu dos inocentes!





(Cassiane Schmidt)









EDIÇÃO 1282