Tempo de Recomeçar

Tempo de Recomeçar
"Essa história vai emocionar você"

sexta-feira, 27 de junho de 2008

De volta pra casa...


Trata-se a solidão de um estado de alma, uma sensação que pode bater a sua porta, mesmo você estando rodeado de pessoas. Invariavelmente triste, causa torpor e estranheza em quem a recebe. Como aquela visita chata que chega a casa nossa, e não vimos à hora da despedida.
Vivemos rodeados de pessoas, convivemos com algumas delas por amor, com outras por obrigação, no meio do barulho, das diferenças, muitas vezes sentimo-nos sós, impotentes diante da vida. Como seria bom ser como as tartarugas que recolhem sua cabecinha para dentro de si, talvez ali elas encontrem paz. Lembro-me de quando era criança, quando me sentia triste, ou minha mãe chamava-me a atenção por motivos tão corriqueiros, que nem os lembro mais, costumava esconder-me dentro do armário que ficava em meu quarto. Recordo com salutar saudade daqueles tempos, passava alguns minutos, talvez mais, dentro do armário escurinho, por vezes pegava no sono, e então era um deus nos acuda, pois ninguém me encontrava. Depois de algum tempo, quando davam pela minha falta, todos recorriam ao armário. Dentro do velho armário eu me sentia protegida do mundo, das pessoas. Que deleitoso tempo aquele, quase todas as noites antes de dormir, minha mãe sentava-se ao lado da minha cama e segurava uma de minhas mãos, sim porque a outra estava ocupada em segurar meu cheirinho de pano, ela então contava-me historinhas, e assim eu adormecia apertando suas mãos contra as minhas. Quando pequena eu cria em um mundo mágico, uma terra de flores e fadas, como eu era feliz! Hoje há uma menina prisioneira dentro de mim, ela não consegue sair, não há mais lugar pra essa menina expressar o encantamento que outrora morava em seu coração. Temo que um dia essa menina, por falta de espaço, precisando de ar puro, queira sair da gaiola, queira brincar novamente no chão livre daquele tempo, pois neste dia então, eu não estarei mais aqui.
Serei uma estrela no céu, a chuva num final de tarde, estarei douda de alegria, brincando em meio a revoada de pássaros numa tarde de primavera, estarei banhando-me da mais intensa felicidade em cada sorriso que uma criança der cá na terra. Algo de mim ficará guardado eternamente em papéis, em letras rabiscadas nas fachadas do tempo, onde pude assinar um tempo, um lugar, uma história!
Sou a escrivã da pequena que vive em mim, carinhosamente "ela" organiza meus pensamentos, me reporta para algum lugar da minha consciência que acredita que é possível trazê-la novamente a vida, assim espero.

_Cassi_
(>**<)