Tempo de Recomeçar

Tempo de Recomeçar
"Essa história vai emocionar você"

sábado, 10 de dezembro de 2011

Velozes e Furiosos


Assustadora. É com essa palavra que inicio a crônica de hoje. Não vou deixá-los curiosos, pretendo falar de um homicídio silencioso e devastador que vem tirando a vida de muitas pessoas, dia após dia.
Refiro-me a violência no trânsito. Ligo a tevê, abro o jornal, sintonizo uma estação de rádio qualquer, e, lá está ela, a notícia: mais um vitima fatal de acidente de trânsito.
A edição do Jornal Nacional exibida em maio de 2011, revelou uma estatística preocupante do (DNIT) Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, a pesquisa revelou que Santa Catarina é o estado com maior proporção de mortes nas estradas, o estudo mostrou que, no ano passado (2010), aconteceu, em média, uma morte a cada seis quilômetros de rodovia no estado.
Parece-me que a terceira guerra mundial está declarada, as armas são os carros e a imprudência dos motoristas.
O (SIM) Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, cujos dados de 2010 revelaram: 40.610 pessoas foram vítimas fatais, sendo que 25% delas se deram por ocorrências com motocicletas.
Muitos se refugiam na desculpa que as estradas no Brasil, mais precisamente nossa famosa BR 470 encontra-se em péssimas condições, mas pensem comigo, discordem, concordem, mas, em minha opinião, quanto mais degradada à condição das estradas, maior deve ser o cuidado que o motorista deve ter.
Se a BR 470 ainda, infelizmente, não foi duplicada, evitem as ultrapassagens, andem devagar! Eu não entendo o porquê de tanta pressa, em minhas incursões pela 470 já presenciei cenas dignas de cinema, (velozes e furiosos ficam no chinelo) ultrapassagens em curvas sem a mínima visão, pessoas que escaparam por um triz de uma colisão fatal e que não se intimidaram diante do susto, continuaram se aventurando pelas frágeis e desastrosas curvas do Vale.
Nessa história, tudo é muito relativo, pois cada vez mais aumenta o número de acidentes fatais em rodovias duplicadas e em bom estado de conservação, parece-me, que nesse contexto, os motoristas pisam ainda mais fundo no acelerador, imprudentes!
Há motoristas que se sentem onipotentes diante do volante e acabam provocando tragédias.
Vários motivos contribuem para o cenário que estamos presenciando, carros cada vez mais potentes, talvez isso explique o fato de que alguns homens só conseguem sentirem-se potentes atrás do volante... Descontam suas impotências no acelerador, covardes!
Falo dos homens, pois o fato (comprovado) é que os acidentes fatais têm como protagonistas os homens, as mulheres são mais prudentes, seus acidentes não passam de um amassado aqui e um arranhãozinho ali. Um estudo minucioso realizado pela Confederação Nacional de Municípios intitulado “Mapeamento das Mortes por Acidentes de Trânsito no Brasil”, publicado em 2009, revelou que as mulheres se envolvem 4,5 vezes menos em acidentes de trânsito com mortes do que os homens.
Fico consternada pelos inocentes que tem a infelicidade de cruzar o caminho desses motoristas imprudentes, pessoas que, involuntariamente, perdem a vida por conta da irresponsabilidade e, porque não dizer, da insanidade de alguns motoristas.
A mídia, por outro lado, com suas propagandas alucinógenas, incentivam a imprudência, associam velocidade à ideia de liberdade. Infelizmente o Brasil é um país burocrático demais para colocar as leis para funcionar. Um exemplo? Lei Seca, só existe no papel, na pratica nada acontece!
De nada adianta estradas em boas condições se a índole do motorista é voar e não trafegar pelas estradas!

Cassiane Schmidt | Gaspar

Edição 1350

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Palavras

A palavra é meu pôr do sol
É o que me lava de toda angústia
É para tristeza um anzol
Minha constante busca.

A palavra é meu silêncio
Minhas ruas
Quanto mais escrevo
Mais me sinto nua

É difícil contornar o espelho
Olhar pra traz
Encarar os medos
Dizer nunca mais

Retiro da estante um porta-retratos
Escondo na gaveta uma vida
Os sonhos viram fatos
E o horizonte se transforma em partida...




Quem disse que a vida é fácil?

(Cassiane Schmidt)

Felicidade

Tenho um sonho de ser feliz
Nuances de esperança
Quero um sonho raiz
Onde a alegria do mundo canta.

Sonho com uma roda de amigos à minha volta
Um violão desconcertando meu sorriso

Meus olhos feito orlas
Arrancando meus espinhos

Sonho com a pele bronzeada dos dias
Um espelho sem arranhão
Janelas floridas
Mergulhadas no meu sertão

Quero a colmeia dos sonhos
Andar sem pressa
Rumo ao meu encontro
Lá, onde tudo começa.

Quero paredes sem lados
Cortinas novas pra minhas frágeis retinas
Amanhecer com o sol nos lábios
Ser a ponte que aproxima.

(Cassiane Schmidt)

Contradição

O abismo da página
Grita silêncios
Ao som disforme dos momentos
As horas traçam linhas imaginarias



Divido em partes iguais
O passado e o presente
Quero um pouco mais
Dos sonhos de antigamente.



Somos anfitriões do tempo
Ele nos sorri seus ponteiros.
A vida é um breve momento
Deus, um aposentado relojoeiro.



Não há nada de grave nisso
É preciso dar o primeiro passo
Rumo ao equilíbrio (que não existe)
É como querer dar um laço
Na contradição que nos divide.



Cassiane Schmidt

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Enganos...


A larva que consome o primeiro sorriso
Germina paixões, frutifica palavras
Conta gotas de lágrimas!
O sabor do mundo é cítrico!


A esperança sempre nasce do acaso
De um gesto inocente, árido.
A felicidade é feita de rastros
Momentos isolados, solitários!


O infinito existe onde o pensamento mora
Lugar aonde as forças descansam.
Ruinas retratam memórias
Enquanto a alegria declama:

Aprendi a apagar
O fogo disfarçado de chama...
aprendi  a cavalgar com os pés na lama!
?

(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Bom dia!


A edição exibida pelo Jornal de Santa Catarina no dia 29 de setembro de 2011, contou a história de um gari de Balneário Camboriú; todos os dias, ao amanhecer, ele usa seu rastelo e escreve um enorme BOM DIA na areia da praia. O fato chamou a atenção dos moradores locais e, logo, Lauro de Menezes Andrade, 38 anos, mais conhecido como Martins, se transformou numa figura carismática nas areias de Balneário. Os moradores relataram que o gari vive com um sorriso nos lábios e está sempre bem humorado, rastelando BOM DIA por onde passa.

Martins encanta quem mora nos arranha-céus da Avenida Atlântica e aos que visitam a orla. Os frequentadores mais assíduos já o batizaram de Amarelinho, inspirados na cor do uniforme que ele usa para trabalhar.

Este simples gesto nos mostra que a felicidade e o otimismo desconhecem classe social, desconhecem profissão, é uma questão de escolha. Ou escolhemos a alegria, ou a tristeza vai ocupando as cadeiras da nossa vida!

É tão comum vermos empresários, gente poderosa e rica, mas, que ao mesmo tempo, são incapazes de dizer um simples: bom dia! Vivem carrancudos, não são capazes de cumprimentar nem os próprios funcionários de suas empresas.

E o quê dizer de pais e filhos que mal dirigem a palavra uns aos outros ao amanhecer?

A vida, cada vez mais, ensina que a felicidade é uma questão de escolha, independente das perdas que tivemos, das desilusões que sofremos, é fundamental que consigamos visualizar os ganhos que estão por vir.

Muitas vezes as pessoas acabam ficando presas ao passado, lamentado o que se foi. Fecham-se para as inúmeras possibilidades que podem surgir; sobrevivem rumando às sombras do passado, sofrendo o que deixaram de fazer, contabilizando as más recordações. Tenho uma teoria, acredito que assim fica mais fácil fugir do presente, da dor que toda mudança gera, do medo do fracasso, afinal, o novo é sempre é tão assustador!

Martins, o gari de Balneário, ensina-nos uma preciosa lição, para ser feliz e para tornar o mundo a nossa volta mais feliz, bastam pequenos gestos, é nos pequenos gestos que encontramos a possibilidade de transformar nosso ambiente num lugar mais habitável.

As pessoas estão cada vez mais preocupadas em manter seu padrão de vida, estão mergulhadas no ritmo frenético e exigente de suas profissões, que acabam se transformando em pessoas incapazes de dizer um simples bom dia. Voltados para si e para suas necessidades individuais, muitos de nós acabamos nos exilando do mundo à nossa volta.

Deste contexto nasce uma nova realidade, pessoas mais simples e menos preocupadas em manter padrões sociais escravizadores, acabam “curtindo” mais a vida, ou seja, são mais felizes, valorizam as coisas simples e primam pelo contato humano, pela solidariedade! Muitas vezes o mais nos transforma em menos...

...Bom dia...                                                                                                                     Cassiane Schmidt

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Inesquecível professor


Dia desses deparei-me com uma frase que me fez refletir, no inicio cheguei a divergir do seu autor, mas depois de um tempo, passei a entender melhor o seu significado. Essa frase reportou-me a um episódio vivido há alguns anos atrás, numa pequena sala de aula, onde habitava uma grande professora. Vamos à frase, depois, creio, os leitores compreenderão aonde essas linhas pretendem chegar:

“Educação é aquilo que fica depois que você esquece o
que a escola ensinou
. Albert Einstein.

Quem não guarda lembranças de algum (a) professor (a) que marcou sua vida durante a trajetória escolar?
Tudo bem que muitos guardam lembranças tristes e traumáticas, eu mesmo possuo um par delas.

Contudo, hoje, especialmente, pretendo falar em nome dos professores que tratam seus alunos com amor e respeito, pois, quem disse que professor também não tem a obrigação de respeitar os alunos, quem?

Nunca me esqueço dum dia que marcou minha vida, eu tinha não mais que oito anos de idade, cheguei à escola com os olhos inchados e com o coração despedaçado! Neste dia, havia apresentação de redações. Eu não havia me preparado, muito menos realizado a redação, a professora, geralmente, chamava a atenção com certa severidade dos alunos que não cumpriam suas obrigações escolares.

À medida que os alunos eram chamados pela professora e dirigiam-se a frente da classe para lerem suas redações, meu coração apertava mais, eu sentia um nó na garganta que me sufocava de maneira terrível.

A chamada era por ordem alfabética, na sala não havia muitos A, alguns B e o C se aproximava... Enquanto os alunos liam suas redações, eu me encolhia nas lembranças de minha mãe, que havia sido hospitalizada no dia anterior, ela passou muito mal e ouvi alguns tios e tias comentando que seu estado era grave. Nem preciso dizer que a redação ficou de lado, assim como a alegria que habitava em mim; acredito que não há pior experiência para uma criança do que ver sua mãe doente!

Mas, para minha surpresa, a professora pulou meu nome, passou do C diretamente para o D, senti um alivio profundo, pelo menos, do sermão da professora eu havia conseguido escapar, enquanto a tristeza e a angústia de saber como estava minha mãe tisnavam meu semblante com as cores cinza da tristeza.

Terminada a aula, antes que eu pudesse alcançar a porta de saída, a professora me chamou. Jamais me esqueci do seu gesto. Ela passou suas delicadas mãos sobre meus cabelos, amparou com seus dedos finos uma lágrima que se desprendeu do meu olhar, e me abraçou. Naquele instante me senti tão acolhida e compreendida como nunca havia me sentido, pelo menos não por uma professora.

Gentilmente ela me perguntou o motivo de eu ter chorado a aula toda, enquanto meus amigos liam suas redações. Expliquei-lhe o motivo e recebi um aconchegante olhar de esperança vindo dela.

Penso que foi isso que o Einstein quis dizer com sua controversa frase.

Desenvolver olhares diferenciados é essencial para o professor que almeja sucesso em sua carreira. Muitas vezes, recebemos na sala de aula crianças e adolescentes arrasados pela dinâmica familiar, casos terríveis, mas o olhar dos professores torna-se linear, olham caricaturas e não seres humanos, nem preciso dizer que isso não é uma regra, há maravilhosas exceções, onde os professores veem em seus alunos muito mais que um simples nome no diário escolar. Aprendi uma das mais preciosas lições com minha professora: solidariedade!

Os alunos merecem solidariedade. Muitos alunos manifestam suas inquietações e dilemas pessoais através da indisciplina, outros através da omissão, outros ainda, se refugiam no silêncio. O importante é o professor estar atento, mais que os ensinamentos da gramática, matemática, geografia, o aluno precisa aprender com o professor a ser mais humano, o caminho é a sensibilidade de saber olhar... De estar pronto para acolher, isso também é educar!

Cassiane Schmidt

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


Sempre é tarde para o relógio
Esse inimigo analógico, perturbador.
Fatos e fotos sobrevivem ao passado
Por que a solidão sempre respira dois lados?

A inexatidão do tempo mastiga nossa felicidade
Saliva futuros ao sabor dos ventos
Eterniza importantes momentos


A cortina dos dias tece meus horizontes
Há uma alegria em ser triste
Algo que queremos e nunca existe...
Um rio de felicidade sem ponte!

As palavras me consomem
Alimentam-me feito vidro estilhaçado

                 Fome

?  
                                                          ?

                                          Estrago!


C

             A
          S
 S

             I
 A
              n
                                e

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Oração do poeta...ou...




Oh, Deus, dai-me as palavras incertas

Na hora inexata dos sentimentos

Dai-me água enquanto eu suplico sede

Dai-me luz, enquanto a escuridão é meu espelho!

Diga-me não... Diga-me sempre não!

Derrube meus versos no piso azulejo da solidão

Não há mito sem contradição

Nada de certezas, de rimas e explicações.

Há apenas o inaudito, o arrepio de pele, aquele grito...

As pupilas dilatadas, o blush marcado de água saliva suor, dor cor-de-rosa.

A poesia nasce sempre do chão, e a alegria sempre dorme no não!

 Não...

A poesia nasce sempre do chão, e a alegria sempre dorme no não!
 \\\????
Não...

sábado, 12 de novembro de 2011

Sentidos


Correria diária, acorda, dorme, acorda e tudo de novo, sempre. Quase sempre nada novo.

A mesma coisa todos os dias no embalo senil da rotina!Os velhos caminhos que nos destilam, que nos orientam, compilam nossa vida num ritmo frenético, reduzindo-nos a calendários e paredes.

A vida é tão breve e intensa que, às vezes, penso que não cabe nessa monotonia.

Lembro-me de quando era criança, os adultos me indagavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje eu responderia: ser feliz, apenas.

Aí é que mora o fogo que acende essa reflexão!

Vivemos atropelados pela rotina dos dias, exercemos nossa profissão, na mesa o pão de cada dia, nos olhos, com sorte, resquícios de alguma alegria.

Tempo, senhor dos destinos, onde moram tantos clichês, mas uma coisa é verdade, o tempo é um velho amigo,para alguns, inimigo, o fato é que ele nos espreita por todos os lados, nos impõe seus saldos.

Por isso, e por tão menos, sou uma saudosista irreversível da infância, pois lá, naquelas terras coloridas e distantes, o tempo simplesmente não existe, não com tanta frequência, não com obstinada exigência.

Parece-me que à medida que nos distanciamos da infância, nossos sentidos sofrem alterações, permitam-me aqui, uma visão particularizada da cronista, mas é assim que sinto.

Visão, por exemplo, na infância a visão era tão mais colorida, as árvores bordadas em verdes cintilantes e recheadas de frutos amarelos esverdeados, a lua recheada de luz, tudo era muito mais colorido com os óculos da infância!

E o que dizer do paladar, ah, esse então, nem se fala... Quem não guarda memorias da infância no paladar, quem? O gosto cítrico das frutas apanhadas diretamente dos galhos, misturada às brincadeiras e fomes inocentes, o sabor da sopinha toda pintada de verde cebolinha da vovó? Quem não possui memorias gustativas dignas de saudade?

O olfato, esse poeta dos perfumes, sou capaz de lembrar, se fechar bem os olhos e me concentrar, eu sou capaz de sentir o cheiro do bolo que minha mãe assava todos os sábados no velho forninho elétrico, aos meus oito anos de idade, posso sentir o cheiro do pó acalmado pela garoa de um final de tarde de verão, o cheiro entusiasmado das flores de laranjeiras florindo!

Hoje os sentidos afloram desacostumados, adormecidos, sei lá, ajudem-me a encontrar a explicação... Se é que ela existe!?

Ensinam-nos que quando crescemos devemos nos preocupar mais com as respostas do que com as perguntas!... (...) e o que fazer então, num mundo florido de contradição, onde seguir a regra significa a perfeição?...



Cassiane Schmidt

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Celebração da vida...

William-Adolphe_Bouguereau_(1825-1905)_-_The_Day_of_the_Dead_(1859)

Hoje, dia 2 de novembro, celebramos o dia de finados, a data foi instituída pela Igreja Católica com o objetivo de prestar homenagem aos nossos entes queridos, que já não compartilham mais da nossa convivência.
Neste dia, pelos cemitérios Brasil afora, misturam-se flores e saudades, dores e esperança. Pessoas cobrem os jazigos com flores coloridas, desaguam sua dor, acendem velas, rezam um pai-nosso, quem sabe dois, e depois vão para suas casas, seguem suas vidas...
Passado o dia de finados, mergulhamos no abismo frenético de nossas rotinas, as flores nos cemitérios murcham, as flores artificias desmancham-se ao calor do sol, as velas se apagam.
Respeito muitíssimo essa data, considero-a uma data digna de feriado, muito mais do que outras que comemoramos aqui no Brasil, no entanto, ocorreu-me um pensamento, ao ver-me agarrada às lembranças dos meus queridos finados, percebi que muitas vezes não celebramos a vitória de estar na presença das pessoas que ainda habitam entre nós, não paramos para pensar que a vida é feita de chegadas e partidas e que jamais saberemos a hora de dizer adeus.
O que pretendo refletir é que devemos investir na vida, enquanto ela nos é possível, e a nossa vida são as pessoas que amamos.  Infelizmente, o que mais se ouve num dia de finados, ao pé da sepultura, são lamúrias de pessoas que dizem: “eu queria poder dar o último abraço”, “eu queria ter pedido perdão”, “eu queria ter dito o quanto ele (a) foi importante na minha vida”... E por aí vai!
Se é importante celebrar o dia de finados, mais ainda deveria ser, celebrar a vida de quem ainda permanece ao nosso lado, aproveitando a convivência da melhor forma possível, para que no dia da ausência estejamos preparados para lidar com a dor, longe das amarras do arrependimento de não ter feito aquilo, de não ter dito isso.
Jamais saberemos a hora exata de partir, de dizer adeus, não sabemos se é hoje, amanhã, por isso, não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de demonstrar as pessoas que amamos, de expressar o quanto elas são importantes para nós.
Não poderemos fugir da saudade, mais cedo ou mais tarde ela bate à nossa porta, mas do remorso, ah, esse pode ser evitado, basta que saibamos amar e demonstrar sempre o quanto nossos familiares e amigos são importantes para nós, hoje, agora!

(Cassiane Schmidt)

domingo, 30 de outubro de 2011

Promessas Vazias





Nada de promessas, não tente enganar a solidão.

A vida é uma peça

Personagens e contradição!

Mas não desista, não diga não!

Amanhã é outro dia e quem sabe então...



A agenda está cheia de compromissos e de solidão

Datas e horas afugentam sonhos,

Queria estar lá fora,

Longe dessa inútil multidão!

Desisti de sonhar plurais

Por mais que eu queira tudo é sempre não!

Um jogo de falsas promessas, promessas vazias...

Abro as janelas, espraio os sentidos, sinto gostos, cheiros e formas,

Mas tudo é tão antigo!

Até o sol que me acorda é cinza

Feito um velho amigo!

Feito peça de museu, calo-me ao som de mais um dia,

Um jogo onde quem sempre vence é a melancolia,

Mas não desista, não diga não...

(Cassiane Schmidt)

sábado, 29 de outubro de 2011

Livro, eterno amigo!



No próximo dia 29 de outubro iremos comemorar o dia do livro aqui no Brasil, a data é, sem dúvida, muito especial, pois o livro é fonte inesgotável do saber e por que não dizer do prazer?

E você, sabe por que comemoramos o dia Nacional do Livro nesta data? Foi por que nesse dia, em 1810, que a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para cá, dois anos após a chegada da Familia Real ao país. É neste cenário que o Brasil passa a conhecer este invento maravilhoso, e aconchegante que nem útero de mãe, que é a biblioteca! O Brasil passou a editar livros somente a partir de 1808 quando D. João VI fundou a Imprensa Régia e o primeiro livro editado foi "MARÍLIA DE DIRCEU", de Tomás Antônio Gonzaga. Naqueles primórdios, toda a literatura era importada da Europa, aos poucos e arduamente, fomos nos desimpregnando da literatura europeia e “escrevendo” nossa própria história.

Hoje, o Brasil possui no seu currículo literário, escritores maravilhosos, muitos deles foram imortalizados pelas obras que produziram. Conquistamos uma identidade literária digna de primeiro mundo! O acervo e as opções são muitíssimas, o que está faltando são os leitores!

Contemplo uma realidade onde as crianças estão tão envolvidas pelos atrativos brinquedos modernos que não conseguem encontrar mais tempo para aquele velho amigo de cabeceira, livros com ilustrações e histórias fantásticas. E os adolescentes então, não conseguem mais largar seus aparatos tecnológicos, e o livro esta se tornando um objeto pré-histórico, infelizmente!

Dia desses uma criança (ah! essas crianças) disse-me que a biblioteca é a casa do livro, eu então lhe respondi: o livro apenas descansa na biblioteca, ele não pode ficar lá muito tempo fechado, pois se senão ele jamais acordará!  Assustada, a pequena correu até a estante e pegou um livro nas mãos e disse-me: “olha professora, eu acabei de acordar esse dorminhoco aqui”! ...



 (Cassiane Schmidt)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tempo...tempo...



Há tantas coisas que podemos deduzir a partir da palavra tempo, contudo, venho apreendendo que tempo combina muito com uma palavrinha mágica: “experiência”.

Já é de costume ouvir falar a velha frase “o tempo cura tudo”... Além de curar, sobretudo, acredito que o tempo ensina tudo, ou quase tudo, pois as experiências de aprendizagem, aqui na terra, desconhecem limites, sempre temos algo novo a aprender.

Já falei muito em minhas crônicas que o maior desafio do ser humano é a convivência; através dela aperfeiçoamos nossa capacidade de perdoar, de superar, de entender o ponto de vista do outro, enfim, convivência gera crescimento e, em alguns casos, gera retrocesso (momento da vida onde somos obrigados a abandonar a embarcação).

Depois de um “tempo” acabamos descobrindo que a solidão também é uma dolorosa e necessária experiência de aprendizagem, e que a solidão a dois é uma dor que não têm cura!

É na solidão que os espelhos da vida se voltam direto para nós, sem interferências, olho no olho, conseguimos enxergar aquilo que não éramos capazes de ver, tornamo-nos capazes de perceber quem realmente somos; é na solidão que nos descobrimos, que testamos nossos limites de superação.

O que percebo hoje, é que a solidão não é mais sinônimo de singular, a vida moderna vem nos revelando que a solidão está impregnada por todos os lados, a correria do dia a dia, a busca desenfreada pelo dinheiro, tudo isso contribui para que as pessoas tornem-se cada vez mais solitárias.

Tenho tido a oportunidade de trabalhar com adolescentes, e pude constatar que as maiores dificuldades por eles enfrentadas, a grande maioria deles, relata que se sente só, desabafam que sentem serias dificuldades de poder conversar com os pais; mesmo numa casa onde “habitam” várias pessoas, o que predomina é a ausência.

Ninguém mais encontra tempo para a convivência, pois a sobrevivência tomou conta dos lares.

E já que o assunto é tempo, e que tempo nos dias de hoje está, erradamente, relacionado diretamente a dinheiro, gostaria de quebrar esse paradigma e listar alguns desejos que pudessem traduzir os sonhos que insistem em habitar este pobre coração de quem vos escreve; um lugar misterioso, onde o tempo é subtraído sem ser corrompido...

1)    Eu queria estar no interior de uma densa floresta rodeada de árvores e frutos silvestres.

2)    Eu queria ser o alivio para a dor de todas as crianças que sofrem qualquer tipo de violência.

3)    Eu queria ser um antidoto contra toda a maldade do mundo.

4)    Eu queria ter a cura para o sofrimento da alma.

5)    Eu queria ser o sorriso nos lábios inocentes das crianças.

6)    Eu queria ter oito anos de idade por uma semana...

Eu queria compreender este velho e enigmático tempo!



(Cassiane Schmidt)


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Transparência e fiscalização


A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, na véspera de abrir a Assembleia Geral da ONU, que ocorrerá nesta quarta-feira (21/9/11) em Nova York, diga-se de passagem, ela é a primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia, participou no dia 20/9/11 no Waldorf Astoria Hotel, em Nova York, da cerimônia que foi marcada por um debate do grupo denominado Parceria para Governo Aberto.
O bloco engloba 60 países, dispostos a discutir e executar políticas públicas transparentes. A proposta é excelente, já existe, inclusive, um portal onde o cidadão brasileiro pode acessar e acompanhar a movimentação financeira do país, mas as ferramentas virtuais são limitadas. Temos muito que avançar. Contudo, a pergunta que fica é: será que mesmo diante de ferramentas tecnológicas moderníssimas, que permitissem que acompanhássemos “tudo” o que acontece no nosso país, será que mesmo assim, o cidadão se interessaria em acompanhar? Em fiscalizar? Tudo indica que não!
Explico porque, o recente movimento de Protesto contra a corrupção foi um fracasso, um dia antes do protesto, 594 vassouras foram fincadas na areia da praia de Copacabana, em sinal de protesto contra o desvio de verbas públicas, ontem (20/9/11) foi à vez de pouco mais de 2 mil pessoas, segundo cálculo da Polícia Militar, participarem da Marcha Contra a Corrupção na Cinelândia, no centro da cidade. Aí fica difícil não se lembrar das 4 milhões de pessoas que estiveram presentes na edição de 2011 da Parada do Orgulho Gay, das milhares de pessoas que se reúnem no carnaval.
 
Alguns sonhadores ainda estufam o peito e dizem: é preciso conscientizar os jovens, pois eles são o futuro do nosso Brasil! Pobre Brasil...
Os jovens, a maioria está pouco se importando com a corrupção, para a “maioria” deles, Brasília é um planeta à parte, a corrupção não ultrapassa a bela arquitetura do planalto e o que importa é muita festa e Rock and roll e que se dane o país.
Transparência e fiscalização, essa dupla é possível, mas para que isso aconteça, precisamos de uma overdose de educação, caso contrário o que nos restará será as mazelas da corrupção!



(Cassiane Schmidt)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Escrever, mas o quê?


Dizem que todo escritor um dia passa pela ausência de assunto. Bate o famoso branco, aquela inércia que impede o nascimento do texto. Fernando Sabino retrata bem essa angústia em sua memorável “A última crônica”, lá o famoso cronista desabafa: “A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida”.

A crônica geralmente nasce de forma involuntária, é necessário estar atento ao mundo à nossa volta, sensibilizar-se com o comum é um bom começo para o surgimento da escrita. O cronista pode ser considerado o fotógrafo do cotidiano, ele lança o olhar para fora de si e busca a essência de uma imagem, de uma cena, enfim, tudo que seu curioso olhar consiga alcançar. Depois disso, tem o escritor a tarefa de traduzir em palavras aquilo que, com sorte, tocou-lhe o coração.  

Foi num final de tarde escura, chuvosa e fria que uma singela imagem fez-me refletir. De dentro do carro, observei do outro lado da rua, o desembarque de estudantes do ônibus escolar. Crianças descendo apressadas e alegres caminhavam em direção às suas casas. Havia esperança em suas mochilas escolares, repletas de livros e sonhos.

Ao som alegre daquela inocente falação, que sempre há entre os pequenos, tudo parecia ser melhor, até o aspecto sorumbático da tarde cedeu lugar a sensação de esperança. Então, por alguns instantes, percebi o quão distante sou ou estou da criança que fui. Pude sentir o cheiro doce da infância esvaindo-se nos braços do tempo. Aquele viço, aquela energia e inocência brincam de passado em minhas memórias.

Percebo, com certa melancolia, que quanto “maiores” somos, menor se torna a nossa capacidade de percepção da felicidade. Dá impressão que os “adultos” criam muitas regras para serem felizes, enquanto para as crianças ser feliz é uma regra.

São as crianças, nesse sentido, verdadeiros mestres na arte de viver bem. Arrisco dizer que elas são felizes não porque desconhecem a tristeza, mas porque sabem esquecê-la com facilidade, porque conseguem se libertar do passado, não pensam no futuro e vivem intensamente o presente!

Muitas lições nos ensinam esses seres encantados, que são capazes de amar indistintamente, que desconhecem sentimentos como ódio e rancor. Nós, adultos, precisamos voltar a respirar como as crianças, a encarar problemas e rupturas com o coração leve, jamais perder a esperança e, principalmente, viver o presente.

Penso que as crianças estão sempre felizes, porque elas possuem a capacidade de atribuir sentido a tudo, jamais desanimam diante da dificuldade. Ah, deu uma vontade de colocar as mochilas da esperança nas costas e voltar a ter a sabedoria de uma criança!

Cassiane Schmidt

sábado, 27 de agosto de 2011

Ela


Ela despia-se fácil, ao som da lamina expunha seus poros, úmidos, frios, impassível. Nem um choro, um pedido de socorro, nada. Pobre dela. Ela chorava baixo, ao som do rec rec que o fio da navalha afiada orquestrava em sua indelével pele virginal, cheirosa e loira.

A saliva do invasor despia a vitima do seu desejo sem nenhum pudor, sem medo nem remorso!

Aos poucos as franjas de sua pele iam se desfazendo, seu interior, saboroso bagaço, mergulhavam nos lábios ávidos do seu invasor, identidade amarela na boca clandestina dele; pobre dela!

sábado, 6 de agosto de 2011

Incertezas

Escrevi uma carta triste
Triste de sua beleza
Uma carta que só existe
Na dor da palavra incerteza


Colecionei paisagens e rotinas
Acreditei no pra sempre
Esse ninho quente!

Verso sem rima

Agora vejo tudo em duas metades
Nunca sigo o mesmo caminho
Respiro o vazio absurdo das cidades

Sigo à sombra do destino


Meu endereço é a palavra
Onde cismo alguma esperança!
Onde aquilo que cala
Mesmo mudo, ainda canta.

Cassiane Schmidt

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Grande Príncipe


Hoje vou falar um pouco da experiência fantástica que a leitura da obra “O Pequeno Príncipe” do autor Antoine de Saint-Exupéry me proporcionou.

O livro é simplesmente um clássico, um daqueles livros que bagunçam a gente, avançam os sinais da percepção e nos fazem refletir sobre a nossa própria existência. Um livro que nos convida a ser criança, a sentir o mundo com a alma leve de criança;
Encontrei nas páginas deste clássico, que foi traduzido em mais de 80 línguas diferentes, uma profunda base filosófica evidenciada através de instigantes metáforas. Gostaria de citar todas elas, mas minhas pobres linhas obedecem a limitações.
O livro inicia com os diálogos entre o autor e o personagem do Pequeno Príncipe, são diálogos que nos remetem a nossa própria realidade. Que nos empurram para a profundeza das coisas, coisas que muitas vezes passam despercebidas pela cegueira do dia-a-dia, pelo escárnio que a rotina provoca em nossa sensibilidade.
Uma das passagens que mais me chamou atenção foi quando o Pequeno Príncipe contou ao autor que no seu planeta havia uma erva muito perigosa, chamada baobá, o principezinho morava num planeta muito pequeno, por isso, ele precisava arrancar a planta assim que ela começasse a nascer, caso contrário os baobás tomariam conta do seu planeta e depois disso seria impossível habitá-lo.
Se pensarmos com calma, perceberemos a sutil mensagem pretendida pelo autor, o planeta onde morava o Pequeno Príncipe pode ser interpretado como sendo a nossa alma, a nossa casa. Muitas vezes deixamos nossa vida ser invadida por “ervas más”, permitimos que elas cresçam e ganhem força em nossa existência. É preciso vigiar nossos pensamentos e refletir sobre as “ervas” que temos enraizadas em nossa essência...
Outra belíssima passagem é a chegada do pequeno príncipe no planeta Terra, onde ele passa por intensas descobertas, ele começa a enxergar a realidade sobre uma nova ótica. É mais ou menos isso que acontece com todos nós quando grandes mudanças surgem em nossas vidas.
O encontro do Príncipe com a raposa é emocionante, simplesmente traduz a base dos relacionamentos humanos, revela a fragilidade e o cuidado que devemos ter com as relações que construímos.
Após se conhecerem, a raposa pede ao Príncipe:


“- Por favor... cativa-me!
O Príncipe respondeu que não tinha tempo, que tinha amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer. A raposa o adverte que somente somos capazes de conhecer as coisas que cativamos e que não existem lojas de amigos...
Dessa passagem nasceu a belíssima frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Muitas vezes queremos o amor, o respeito, queremos tanta coisa, mas esquecemos de cativar a fonte dos nossos desejos. Cativar é cuidar, significa encantar para alcançar, seja uma amizade, um amor verdadeiro, sonhos materiais e imateriais, enfim, é preciso cuidar do “caminho” para alcançar o destino.
Fico por aqui... Sugerindo a leitura desta magnifica obra, mas o leitor tome cuidado, lembre-se de que “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos...


(Cassiane Schmidt)

Matéria Premiação (Jornal Cruzeiro do Vale)

segunda-feira, 25 de julho de 2011


Com muita alegria, compartilho com meus amigos blogueiros mais uma conquista.
Obtive o segundo lugar no I Concurso Nacional Novos Poetas 2011 - Prêmio Augusto dos Anjos.
O concurso totalizou mais de 2.587 candidatos...

Colocação:
  1. Colocado: Dijavan Luis Santos de Brito - Poema: Mancha de Caronte
  2. Colocada: Cassiane Schmidt - Poema: Tarde Demais
  3. Colocado: Carlos Ezael Alfaro Carvalho Júnior - Poema: Quimeras do Querer


Poema Selecionado: Tarde Demais












Falta tudo quando parte de nós está de luto
Morre em brasa o que foi chama
O espelho memoriza nossas sombras
Há motivos pra ter medo?


Lá dentro os quartos gritam solidão
Janelas se fecham em tristes risos
Cadeiras disputam razões
Desafiam últimos instintos


No chão, nossas malas brincam...
Azulejos disputam espaços
No porta-retratos estranhos brindam
Enquanto o pra sempre se faz pedaços


O entardecer alcançou nosso telhado
Esvaziou nossas taças
Acomodados nas plumas da certeza
Não lutamos pelo último gole
Palavras guarnecidas em silêncio
Veio o tempo e nos fechou!


Braços atrasados procuram uma direção
- É tarde – Diz a fechadura,
Abismando nossas chaves
Nos abrindo em ruas
É tarde!

(Cassiane Schmidt)

terça-feira, 24 de maio de 2011

A morte da Infância



1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...quando alguma coisa me irrita demais, procuro contar até 10 para me acalmar.
Explico, o que me irrita é presenciar um tipo de crime que vêm ocorrendo e que a maioria das pessoas não se dá conta: é a banalização da infância.
As mães estão fantasiando suas filhas, crianças com menos de 10 anos de idade, de mulheres. Menininhas que deveriam estar brincando de bonecas, desfilam por aí com bota de salto alto, aplique no cabelo, e, pasmem, usando unha e cílios postiços, pois eu mesma já vi!
Andam com saias curtíssimas, falam e gesticulam como se fossem adultas. O resultado disso é trágico, podem ter certeza! Essa maturidade precoce patrocinada por mães imaturas provoca uma ruptura nas fases de desenvolvimento da criança; existem fases de desenvolvimento, que precisam ser respeitadas, para não gerar conflitos psicológicos graves.
Mas não, as mãezinhas “cabeça oca” levam suas crianças para o salão de beleza, deixam-nas a vontade para pintar as unhas de vermelho, até maquiagem elas fazem; eu me pergunto onde foi parar a infância, aquela infância que durava até os catorze, quinze anos de idade?
Dá nojo quando vejo um bando de garotinhas (7,8,9 anos de idade) vestidas de modo vulgar, entrando no mundo do consumismo de maneira irresponsável.
Mas os pais que se preparem, principalmente você mãe, que incentiva sua filha a “andar na moda” com micro saias e sapatos de salto alto, se preparem, pois como diz o ditado “vem chumbo grosso por aí”.
Qualquer pessoa sabe que criança precisa brincar, precisa ser estimulada para a leitura, para o universo da fantasia e da imaginação, pois dessa maneira ela vai se tornar uma pessoa criativa, saudável, vai desenvolver seus princípios e inteligência própria.
Vi uma reportagem recentemente que mostrou a festa de aniversário de uma menina de 7 anos de idade, sabe o leitor o que ela pediu de presente? Uma tarde inteirinha no salão de beleza com as amiguinhas. E lá estavam elas, falando com trejeitos de adultas, se fantasiando de “perua”.
E a mãe orgulhosa, acompanhava por um vídeo a desenvoltura da filha, teve a coragem de dizer que isso faz bem para a auto-estima;
Auto-estima quem precisa é a mãe, que deposita suas frustrações e rugas na pele inocente da filha, uma criança, que se duvidar ainda faz xixi na cama. Isso é deprimente!
Recentemente a Disney lançou uma linha de sutiãs infantis com bojo, o sutiã está sendo comercializado pelas Lojas Pernambucanas!
Para a psicóloga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Luiza Bustamante, produtos deste tipo, com utilidade apenas para adultos, são altamente prejudiciais para a saúde mental das crianças. A sexualidade precoce é o fruto amargo que resulta dessa irresponsabilidade dos pais em incentivar o filho/filha a se vestir, a se sentir como adulto!
"Onde já se viu um sutiã que imita o seio das mulheres adultas? Não há necessidade de crianças de 6 anos usarem sutiã, muito menos com bojo. Trata-se de mais uma tentativa da indústria de ganhar dinheiro a qualquer preço. Sem se importar com a saúde das crianças", critica a psicóloga.
Criança deve se vestir como criança, sandálias melissinha, sola lisa e grudada no chão, usar trança com florinhas no cabelo, nada de batom, jóia, unha pintada, unha limpa, apenas.
Vestido de laçinho até o joelho, ler muito livro infantil, acreditar em Papai Noel até quando for possível. Rezar pro anjo do guarda antes de dormir, brincar, assumir responsabilidades, ter limites. Isso é ser uma criança saudável!


(Cassiane Schmidt)