Tempo de Recomeçar

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"Essa história vai emocionar você"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Inutilidade Literária



Quanto mais me convenço da inutilidade utilitária da literatura, mais creio na sua imortalidade.


A literatura assume um caráter “inútil” no sentido de não se enquadrar nas coisas úteis do dia-a-dia. O sapato é útil para protegermos os pés, assim como a roupa o é para vestir o corpo, no entanto ambos deixam de ser úteis a medida que compramos um novo sapato, uma nova roupa.

Desse modo a literatura é inútil para as coisas práticas e objetivas. Nós não comemos, não vestimos literatura, ela vive as margens da realidade, transcende a realidade, sobrevoa o tempo, esta aqui e ali e não está em lugar nenhum.
Isso lhe confere um caráter imortal.
Se pensarmos nas coisas que nos movem, tais como o instinto de sobrevivência, que nos faz levantar de manhã, estudar, trabalhar, podemos perceber que há uma força invisível que nos impulsiona, aí eu pergunto, que força é essa? É algo que nós podemos guardar, estocar ou até mesmo trocar quando fica velha? Absolutamente não, trata-se de uma força invisível que nos mantem vivos, do mesmo modo a literatura é uma força invisível que cuida por manter arejada a nossa alma. (Cassiane Schmidt)




Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso. (Fernando Pessoa)
 
 
 
 
Os sonhos são a literatura do sono.
(Jean Cocteau)
 
 
 
Só se pode chamar ciência ao conjunto de receitas que funcionam sempre. Tudo o resto é literatura.
(Paul Valéry)
 
 
A literatura não permite caminhar, mas permite respirar.  
(Roland Barthes)



Os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa.
(Émile Zola)



Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura. Esses, sim, são os bons. Eu só escrevo para fazer afagos. E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços. E estreitar distâncias. E encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez). Uns escrevem grandes obras. Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas. (Rita Apoena)